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Translúcida

Os pássaros podem gorjear o dia a nascer azul e luminoso
mas há em mim sombras pairando como vultos intimidantes,
posso lembrar-me de meu pai pegando-me ao colo carinhoso
a chamar-me, numa gargalhada, a sua menina, mas isso era dantes.

Agora sou fantasma translúcido e intermitente entre a vida e a existência
que deambula por aí sem caminho nem destino, não sou má nem boa rapariga
apenas um corpo e um sorriso automáticos servidos subservientes da gaveta da aparência
o olhar, esse, sempre ausente da realidade que apenas me fustiga.

Há tantos vulcões em mim mas que nunca mais entram em erupção
há tantos poemas e romances e livros e histórias por contar e por escrever
mas a minha estrela é mera nova em superfusão hesitando em nascer.

Sou baça, sou fumo, sou translúcida, sou nuvem, sou quase
tantas palavras bonitas para dizer coisas sem matéria alguma nesta frase
sou bulbo por brotar que alguém mantém em permanente estase.

Daniela d’Ávila

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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