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Tinha eu 12 anos na praia de Mira…

Nesta foto, eu teria cerca de 12 anos e foi tirada na praia de Mira, o local, de todos os locais onde estive, em que me senti mais livre e onde fui muito feliz. Era mais ou menos nos finais de Abril que rumávamos ao Parque de Campismo de Mira, inicialmente para passarmos os fins-de-semana, e depois para as férias que se iniciavam mal acabavam as aulas, e acabavam no início das mesmas aulas. Dois meses e meio de felicidade e liberdade.

O meu pai tinha comprado uma roulotte em segunda mão, a roulotte tinha um avançado onde estava tudo o que necessitávamos, inclusivamente televisão e frigorifico, e depois os meus pais compraram tendas pequenas para os filhos. Era raro tomarmos banho, a não ser no mar e na Barrinha e não me lembro de nesses dias longos, termos tomado um duche de água quente.

Ficávamos sempre no mesmo local do parque, onde também ficavam os amigos dos meus pais, e também os filhos dos amigos dos meus pais. Gerava-se ali uma comunidade muito engraçada, muito solidária e quanto aos putos, eram deixados um pouco à sua sorte. Saíamos de manhã e regressávamos à noite para jantar, e depois do jantar, se houvesse dinheiro íamos para os carrinhos de choques, ver filmes num cinema em céu aberto. Quando não havia dinheiro, ou arranjávamos uns desgraçados para arreliar, a jogar à “Verdade ou Consequência” ou juntava-nos aos putos mais velhos que cantavam à volta de uma fogueira e fumavam e bebiam cerveja.

Os dias eram passados na praia, a jogar futebol e outros desportos, na Barrinha a nadar e a velejar e andávamos imenso de bicicleta.

Os amigos eram sempre os mesmos, aos que se juntavam mais amigos ou inimigos, tentávamos enganar os estrangeiros, em conluio com os homens que alugavam barcos a remos aos turistas.

Um dia, para grande desgosto, fomos passar férias para o Algarve e por lá ficamos nas férias seguintes e ainda nos mantemos por lá nas férias. Fiz novos amigos grandes amigos, com alguns ainda mantenho contacto e amizade, mas os amigos da praia de Mira, perdi-os todos, salvo raras excepções.

Não sou dado a grandes nostalgias, mas há sempre momentos em que vemos fotos e recordamos.

Recordo-me com imensas saudades dos frangos de churrasco comprados na cabana do senhor Canas.

Pedro Guimarães

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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