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Rei morto, rainha posta

No CDS o lider carismático partiu.

Não dizemos que morreu, mas concebeu a ideia de partir, deliberou sobre os prós e os contras, a propósito de ficar ou partir, decidiu a favor da partida e executou a decisão.

Paulo Portas deixou a liderança do CDS.

Se estivéssemos numa Monarquia, diríamos que atravessamos o período do interregno, semelhante ao de 1383/85 ou do 1580, depois da morte de D. Fernando ou do desaparecimento de D. Sebastião na tragédia de Alcácer Quibir e na impossibilidade de sucessão dum descendente do Cardeal D. Henrique.

Apresentaram-se dois possíveis candidatos à sucessão de Portas.

Não foram necessários nem um João das Regras das Cortes de Coimbra nem um Febo Moniz das Cortes de Almeirim para defenderem a legitimidade dum Mestre de Aviz ou dum D. António, Prior do Crato.

Um dos possíveis candidatos achou por bem resguardar-se na “Corte de Bruxelas” e deixar o campo livre à “filha de algo” D. Cristas.

Tornou-se assim mais fácil a subida ao trono, com toda a legitimidade, da candidata que assumiu cedo a possibilidade de substituir o carismático lider.

Não se trata de nenhuma semelhança com a filha de D. Fernando e da “aleivosa” Leonor de Teles, a nossa D.Beatriz, porque Assunção Cristas não é casada com um castelhano, mas com um feliz lusitano e é mãe de quatro filhos, justificando por isso a sua verdadeira costela democrata cristã no processo da demografia portuguesa, com sérios problemas na renovação populacional .

Anda agora em campanha eleitoral antes do Congresso e esteve recentemente em Lisboa para escutar militantes e simpatizantes do CDS para organizar a sua Moção de Estratégia Global.

Quis ouvir toda a gente da sociedade civil, o que é um bom principio para fazer crescer o CDS, a partir duma fase de orfandade.

Não pretendeu nas respostas dadas à interpelação de dezenas de CDS’s e potenciais militantes futuros deixar espartilhar-se na questão das ideologias e doutrinas, espécie de discussão do Alecrim e Manjerona para ela.

Na parte final da sua intervenção “arreou forte e feio” em quem pretendesse essa discussão, quando os portugueses o que querem é soluções concretas para problemas concretos.

É de realçar este desejo de acções.

Porém, existe uma matriz democrata cristã na base da fundação do CDS, a que se juntaram Conservadores e Liberais, mas as acções a desenvolver não devem esquecer o âmbito em que elas devem ser efectuadas.

A reprimenda dada não deve generalizar-se e, por isso, Cristas deve corrigir o tiro ao alvo, porque, durante dezasseis anos, a democracia cristã esteve metida numa gaveta dum móvel de Paulo Portas.

Tempo é então de poder abrir-se tal gaveta, para que a democracia cristã não seja devorada pelos conservadores e liberais, como o tem sido.

Podem estes assumir-se como democratas cristãos igualmente. Não se trata duma questão de serem mais ou menos, mas a real democracia cristã é diferente e é essa diferença que deve agora ser acautelada.

Assunção Cristas tem entre mãos a possibilidade de conciliar, em pé de igualdade, as tendências existentes.

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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