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PORTUGAL+ Bruxelas: a paz tem um grande valor de negócio

© Ricardo Silva / BOM DIA

O papel da diáspora no turismo e investimento foi o tópico do último painel da conferência PORTUGAL+ Bruxelas 2023. Durante o debate “Diáspora, turismo e investimento”, discutiram-se temas como a importância das redes de contacto da diáspora e a paz como valor de negócio.

João Luís Sousa, moderador do debate e diretor-adjunto do jornal “Vida Económica”, abriu o debate referindo que “a qualidade e a atitude dos portugueses que saem é diferente da dos portugueses que permanecem em Portugal, pois os que saiem têm uma costela de portugueses quinhentistas e os que ficam têm uma costela de velho do Restelo, e isso faz alguma diferença”. 

Posteriormente, questionou Rui Almas, diretor da AICEP no Benelux, sobre como a diáspora pode contribuir para o aumento do investimento e das exportações. O responsável começou por explicar que a dimensão diáspora está presente, seja na atividade de promoção das exportações, seja na atividade de investimento, quer na promoção de investimento ou angariação de investimentos, ou seja, “a diáspora está sempre presente”.

Rui Almas salientou ainda que as redes de contactos “cá fora” são fundamentais para a realização de negócios, do ponto de vista de exportação e investimento. Para explicar a importância da diáspora no comércio ou promoção de exportações, descreveu as várias dimensões da diáspora, nomeadamente, a mais tradicional (anos 50/60), os lusodescendentes, com uma importância fundamental nos mercados, pois são empreendedores, têm empresas, e estão em áreas que não são as mais tradicionais da intervenção da AICEP.

Terminou referindo a importância de mapear a diáspora, onde estão, onde trabalham e que funções têm, pois ajudará a entender qual o posicionamento internacional e como avaliam Portugal.

António Silva, diretor no Banco Santander, e responsável pelas relações com a clientela portuguesa emigrada, começou por realçar o potencial das pessoas, das ideias, do associativismo, do dinamismo económico e do retorno do cliente particular, “que por trás pode ter uma empresa”. A seguir, explicou que o papel do banco tem de ser o de um facilitador, sempre “mantendo a confiança que o cliente tem no banco”.

Terminou referindo que existe potencial e, segundo o que se ouviu na conferência, há uma panóplia de coisas para se fazer, “mas o que falta fazer não é negativo, pois é para somar ao que já existe”. António Silva salienta que é necessário fazer visitas cá fora, “onde se encontra a diáspora porque só assim se conhecem os clientes residentes fora de Portugal”. 

Vera Alves, do ALBA group, mencionou que a diversidade da diáspora no Luxemburgo, onde reside. Referiu que há a primeira geração, que saiu de Portugal à procura de uma vida melhor e as restantes gerações que são a ‘matéria cinza real’, que têm uma mais-valia importante para o Luxemburgo, mas também pode trazer valor para Portugal. No entanto, identifica uma falta de comunicação entre as pequenas comunidades e como a própria refere “há trabalho da parte política que se deve fazer, há pontes que se devem criar entre as comunidades”.

Rui Faria da Cunha, advogado e responsável pela Câmara do Comércio Bélgica-Portugal concorda que há demasiadas comunidades isoladas. “A rede é que nos permite colocar em contacto as diferentes comunidades”, defende. Para além de serem a câmara de comércio de Portugal na Bélgica, tentaram reposicionar-se desde 2019 como a câmara de comércio de Portugal junto da União Europeia, para atrair mais membros, mas também todos os representantes de interesses portugueses que querem estar em Bruxelas, por ser onde está a sede da Comissão Europeia e de outras instituições, como, por exemplo, a NATO. Faria da Cunha crê que a estrutura que dirige tem igualmente um papel importante para haver mais Portugal nas instituições e mais instituições em Portugal.

O último interveniente do painel, Francisco Lobo Faria, cineasta e representante da indústria criativa no debate, destacou que cultura tem um papel importante na concretização de negócios. Para justificar esta premissa aponta o aumento do preço das habitações, que na sua visão, se deveu à ideia de que a Covid-19 foi bem controlado na região autónoma da Madeira, onde vive, e isso culminou num aumento imediato dos preços.

O cineasta, autor e professor referiu ainda que todos temos um valor cultural, nomeadamente, “promover a paz que tem um grande valor de negócio”. Explica que, por exemplo, em África há uma série de valores exploráveis, mas muita dificuldade em ir lá explorar, devido a uma perceção de risco, de falta de segurança.

Francisco Lobo Faria destacou ainda a necessidade de uma abordagem empresarial na arte e cultura, embora seja um facto que “existe uma componente da cultura que tem apenas de existir, que tem a sua legitimidade apenas porque sim”.

O público que assistiu à conferência destacou a falta de portugueses no quadro dos funcionários europeus, em particular da Comissão Europeia, pois a realidade é que as gerações que vieram com a adesão, e pouco depois, vão-se embora agora e os jovens não concorrem: “os jovens portugueses estão ausentes dos concursos para a função pública europeia”, referiu uma funcionária daquela instituição. Ao que Rui Faria da Cunha acrescentou que não há quase representantes de interesses portugueses na Bélgica e como se sabe as políticas públicas europeias dependem absolutamente da participação da sociedade civil, das empresas, das ONGs, de todos os que se inscrevem no registo de transparência.

Assista, através destas ligações, à primeira e à segunda parte da conferência.

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