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“O Herói da Floresta”: Teresa Dangerfield lança novo livro infantil

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Lisboeta de origem, mas residente há 40 anos em Londres, Teresa Dangerfield foi professora durante duas décadas e tem uma longa relação com a escrita. Depois de publicar prosa poética e contos em várias coletâneas e revistas portuguesas, estreou-se nos livros infantis aos 67 anos com “A Ovelhinha Perdida” (2023). Agora, regressa com uma nova história, “O Herói da Floresta”, uma aventura infantil que une fantasia, consciência ambiental e a clássica jornada do herói. Ao BOM DIA, Teresa Dangerfield partilhou o que a inspirou a escrever esta história, os seus planos para levá-la a mais leitores, e muito mais.

Teresa gosta de escrever histórias que envolvam animais e a natureza. A inspiração para escrever “O Herói da Floresta” veio de duas fontes, uma delas foi o que aprendeu sobre as árvores e as florestas e o livro de Michael Ende, “A História Interminável”. “Um dia deparei-me com um artigo que falava sobre as árvores e como elas comunicam. Fiquei fascinada e fiz várias pesquisas, pois queria saber mais. Li vários livros, como por exemplo “A Vida Secreta das Árvores”, de Peter Wohlleben, e “The Book of Trees” (“O Livro das Árvores”) de Piotr Socha, dos quais colhi informações preciosas que fui guardando. Entre outras coisas, descobri que existe uma espécie de internet do reino vegetal. Cheguei a publicar no meu blogue uma entrevista imaginária a um carvalho, em que tentei tecer o que aprendera.”, conta.

Quando, em 2023, a editora Trinta Por Uma Linha, através do seu LABDEC (Laboratório de Escrita Criativa), lançou um concurso para uma história infantil que seguisse a estrutura da jornada do herói, a escritora viu a oportunidade perfeita para dar vida a uma ideia que já tinha em mente, combinando ficção e realidade. O seu conto acabou por ser o vencedor, anunciado em janeiro de 2024.

“A minha segunda fonte de inspiração foi “A História interminável”, do escritor alemão Michael Ende. Nesse livro, Bastian, um menino solitário e inseguro, vai transformar-se num dos heróis, dentro da história de um livro que não resiste em roubar numa livraria. Embora a “História Interminável” tenha duas narrativas paralelas, Bastian apercebe-se de que é capaz de influenciar os acontecimentos do livro que está a ler, evidenciando o valor inestimável do poder da imaginação. Essa reflexão deu-me a ideia de criar o meu herói como uma personagem que acaba por se achar dentro da história que começara a ler.”, explica.

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A história e as personagens principais

Nico é a personagem principal. Segundo a autora, “é um menino inseguro, cheio de imaginação”. Certa noite acorda com um enorme estrondo no seu quarto e vê na sua frente algumas das personagens do livro que começara a ler — “O Herói da Floresta” —: Trovão, um gigante gentil, Topo, um elfo pequenino e Serafina, um dragão-fêmea. Estes informam-no de que é preciso acompanhá-los, pois foi chamado para salvar a floresta da destruição causada por espíritos malignos que ameaçam devastar tudo.

Teresa acrescenta que “tratando-se de um menino inseguro, hesita, mas acaba por seguir os seus novos amigos, ciente de que um mago (a personagem que funciona como aliado mágico) lhe confiou essa missão. Recebe três pedras, que lhe dizem ser mágicas, e embarca numa jornada repleta de perigos e desafios arrepiantes. No caminho encontra um(a) aliado(a) muito improvável: uma enorme aranha. Aos poucos, começa a aperceber-se de que faz parte da história cuja leitura iniciara antes de adormecer. E tem de continuá-la.”. Será ele o herói de que a floresta tanto precisa? Conseguirá superar os seus medos, e encontrar a verdadeira coragem dentro de si? No final, segundo a autora, “fica ao critério dos leitores imaginar o que realmente aconteceu.”

A mensagem

Com esta obra, além de entreter, a autora pretende transmitir duas mensagens essenciais: “A primeira destaca a importância da amizade, da confiança e da verdadeira coragem — essa força poderosa que podemos encontrar dentro de nós. A segunda, igualmente importante, é um pequeno alerta sobre o mundo fascinante das árvores e das florestas, despertando nos leitores mais jovens a curiosidade em saber mais.”

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O maior desafio

“Dado que sempre me preocupei com o impacto que pequenas ações podem ter no meio ambiente, o desafio maior foi criar uma história que transmitisse, de forma subtil, que afinal as árvores também comunicam entre si. Para isso, foi preciso juntar ficção e realidade, de maneira harmoniosa.”, explica a autora.

Com o objetivo de tornar a história mais cativante para os leitores mais jovens, Teresa introduziu personagens como o gigante, o elfo pequenino e o dragão-fêmea, além de todos os elementos mágicos e fantásticos. Desta forma, a escritora revela que “conjugando o enredo com tudo o que consegui aprender sobre as árvores, espero ter conseguido que os leitores se conectem com a história e se sintam motivados a valorizar as árvores e as florestas, e a cuidar delas.”

E o que difere “O Herói da Floresta” das outras obras de Teresa? Apesar de se destinar a um público a partir dos oito anos (tal como “A Magia de Luna na Cidade das Flores”), “é um livro com vários capítulos, e que segue a estrutura da jornada do herói, distinguindo-se, assim, bastante dos anteriores. Os capítulos são pequenos e finalizam com um pequeno suspense, para incentivar a leitura. O final apela à imaginação do leitor.”, revela.

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A apresentação

O livro foi apresentado em Lisboa, no passado dia 1 de março. Sobre o evento, Teresa confessa que, para si, “falar em público é sempre um desafio como os que enfrenta o herói da minha história. Todavia, foi um dia inesquecível! Aconteceu num espaço maravilhoso, a Galeria OOCA e o ambiente e a companhia não poderiam ter sido mais memoráveis. Estou muito grata ao meu irmão e à minha cunhada, que nos abriram as portas e organizaram este evento com tanto carinho. Como poderia não ter sido emocionante?”.

A escritora contou com a presença de grande parte da sua família, “o que não seria possível, por exemplo, se estivesse a fazer a apresentação em Londres”. Além disso, teve o prazer de contar com o apoio de vários amigos “alguns dos quais já não via há muito tempo, outros que conhecia apenas virtualmente, e até mesmo pessoas que, embora não me conhecendo, estiveram presentes e atentas à minha apresentação”.

“Foi igualmente muito especial poder ter contado com a presença do editor (escritor, formador e poeta), João Manuel Ribeiro, da ilustradora, Nicole Figueiredo, e da fantástica contadora de histórias (escritora e formadora), Leonor Tenreiro, que deu voz a algumas passagens do meu livro. O carinho que recebi e o facto de ter conseguido despertar a atenção para uma mensagem importante — a de que as árvores comunicam entre si — foram motivos de grande emoção.”, acrescenta.

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Expandir horizontes

Quando questionada sobre os seus planos para levar este novo livro a escolas ou bibliotecas, tanto no Reino Unido como em Portugal, Teresa não hesita em demonstrar a sua vontade: “Estou inteiramente disponível para levar este livro a todos esses lugares, e aliás, terei muito gosto, assim surjam as oportunidades. Sendo uma história em língua portuguesa, levá-la a bibliotecas no Reino Unido fica um pouco mais restrito às zonas onde existe a comunidade portuguesa, mas sei por exemplo que a “Tate South Lambeth Library”, situada no coração da comunidade portuguesa em Londres e onde, aliás já apresentei um dos meus livros, é muito recetiva. Em relação às escolas onde existem cursos de língua portuguesa, estou dependente da Coordenação de Ensino de Português no Reino Unido. Quanto a Portugal, a minha disponibilidade é a mesma, desde que assim achem por bem.”

Publicado em dezembro e apresentado neste mês de março, o livro “O Herói da Floresta” pode ser adquirido aqui. A escritora aguarda com expectativa o feedback dos leitores mais novos.

Acrescente-se que Teresa Dangerfield foi uma das palestrantes do PORTUGAL+ 2024 , evento realizado em Londres em novembro.

Texto: Fabiana Bravo

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