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No Mundo e Para o Mundo

Foram apresentados no passado dia 27 de Outubro, na livraria, La Petite Portugaise, em Bruxelas, os livros, “No Mundo – Antologia de Poetas Portugueses da Diáspora”, e “Para o Mundo – Antologia de Novos Poetas Portugueses”.

A publicação destes dois livros nasceu de uma parceria entre o BOM DIA e a Elefante Editores.

Na apresentação destes livros, feita pelo fundador do BOM DIA, Raúl Reis, e J. A. Nunes Carneiro, da Elefante Editores, foram lidos vários poemas das suas páginas, na voz de Francisco, e entre a leitura destes poemas, o pianista Gerardo Rodrigues, encantou a plateia presente, bem como todos aqueles que não podendo estar presentes fisicamente, o fizeram através das redes sociais, como foi o meu caso.

Pianista Gerardo Rodrigues, e que pianista. Através das teclas do seu piano, ele mesmo foi uma autêntica poesia em som. Mágico, deslumbrante, envolvente, enfim, um verdadeiro toque de beleza entre a leitura dos poemas que o Francisco selecionou para ler na apresentação dos livros.

Tal como disse, J. A. Nunes Carneiro, a poesia é uma das maiores expressões da língua portuguesa, que é uma das coisas mais poderosas do mundo.

O livro “No Mundo – Antologia de Poetas Portugueses da Diáspora” reúne vários poemas, de autores que estão dispersos por vários países.

No prefácio, escrito pelo júri, J. A. Nunes Carneiro, José Luís Correia e Luísa Semedo, que selecionaram os poemas que foram à estampa, pode-se ler, “São emigrantes portugueses dispersos por locais por vezes longínquos, mas todos com uma forte ligação a Portugal, à sua terra e à sua mais profunda identidade. Além disso, une-os a poesia como forma de expressão criativa com palavras.”

O livro começa com um poema de São Gonçalves, poema esse que recebeu uma Menção Honrosa, chamado, “Pudesse Eu”.

É claro que eu podia dizer aqui que, para mim, a São Gonçalves é a melhor poetisa de toda a diáspora. Mas depois, outros grandes poetas da diáspora, que acreditem em mim, são muitos e bons, poderiam levar a mal com esta afirmação minha, dizendo…” então e eu ó rapaz?

Por isso, não faço afirmações dessas para não ferir suscetibilidades. 

Mas que o poema é simplesmente belo, la isso é. Algo a que a São Gonçalves já nos habituou, porque tem o dom que só os verdadeiros poetas recebem quando nascem, a alma de poeta.

Mas também gostei imenso do poema da Bia Vasconcelos, “Da Minha Janela”, ou “No Espaço Sem Tempo” de Paula Sá Carvalho.

Depois aparecem dois poemas de um tal António Magalhães. O primeiro chama-se, “O Rapaz da Tabacaria Suicidou-se” e é obviamente inspirado num texto de Fernando Pessoa. 

Com este poema o que o autor quer transmitir como mensagem, é que apesar de nos cruzarmos com certas pessoas quase diariamente, nem sempre nos damos conta de que elas existem. 

“Quando me disseram que o rapaz da tabacaria, 

Coitado…se havia suicidado, 

Só nesse momento me dei conta que afinal ele existia, 

E ao constatar esse facto, quase me senti embaraçado”.

“Sofremos de uma ascendente amnesia de quem

Vive a sua vida sem dar conta dos demais,

Desatentos de que outras almas sofrem também,

Esquecidos de que, como elas, somos mortais.”

O segundo poema chama-se, “É Burro”

Basicamente, este poema, vistas bem as coisas, a mensagem que pretende transmitir é a de que, a vida é curta demais para perder tempo a argumentar com quem tem a mania que sabe tudo, e é incapaz de ouvir qualquer opinião, que não esteja em consonância com a sua.

“Não percas tempo com quem,

Mesmo com as evidências em frente do seu nariz

É incapaz de ouvir mais alguém

Que não seja a voz do seu ego e o que ela diz.

Cumpre o teu castigo e nele medita

Esquece o teimoso, encerra-o no curro

Pois é cego pelo ego e egoísmo em que acredita

Porque é ignorante, para além de burro”.

Quanto ao segundo livro, “Para o Mundo – Antologia de Novos Poetas Portugueses”, aconteceu porque, segundo os responsáveis por esta iniciativa, J. A. Nunes Carneiro, da Elefante Editores, e Raúl Reis, do BOM DIA, muito embora a iniciativa estava destinada a autores da diáspora, concorreram muitos autores residentes em Portugal.

No prefácio pode-se ler, “Esta realidade inesperada transformou-se numa oportunidade de levar aos leitores um outro conjunto de poemas que estão na base da segunda antologia, Para o Mundo”.

Parabéns a todos os autores destes dois livros, e um bem-haja aos responsáveis por esta iniciativa, que tiveram a audácia de perceber que há muitos poetas na língua portuguesa, e muitos deles com um grande potencial no que respeita à poesia tal como ela deve ser. Com alma.

António Magalhaes

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Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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