De que está à procura ?

Colunistas

Nascidos para morrer

Lembro-me quando era pequeno, os meus pais e avós tinham medo que eu caísse, que me aleijasse, levavam-me “ao colo” e mimavam-me o mais que podiam. Fui crescendo e o gosto pelos automóvel revelou-se desde cedo. Então lembro-me na escola falava de automóveis e só queria crescer para poder conduzir. Hoje penso em como era bom aquele tempo…

De facto conduzo automóveis fantásticos e passo por experiências maravilhosas, das quais me sinto eternamente grato por passar.

O que é certo é que estou a crescer, apesar de estar apenas a chegar aos meus 22 anos, nunca pensei que seria tão doloroso assistir a certas situações como adulto. Lembro-me que em criança não tinha a real noção de como era a vida.

Desde cedo criamos o objectivo de chegar a algum lado, seja ele sermos engenheiros, doutores, ter uma casa com piscina, ou um Ferrari. Quando traçamos esse objectivo muitas das vezes esquecemos-nos que a vida é mais do que ser doutor, engenheiro, do que ter uma casa com piscina ou um Ferrari.

Hoje em dia trocamos a saúde para podermos ter um determinado estilo de vida. Deixamos de estar com a família, com os amigos, deixamos horas de sono e fazer uma alimentação a horas correctas, uma alimentação equilibrada. Cada vez mais o empenho e a exigência com nós mesmos é tanta que chegam as depressões, os ataques de ansiedade e muitos começam a ter problemas de enfartes e AVC´s logo muito novos.

Vocês que me vêem a andar nos carros bonitos, não fazem a menor ideia das dores que sinto no peito, do nervosismo que toma conta do meu corpo às vezes. Tal como eu estão várias pessoas que ambicionam algo na vida e se esquecem do que é realmente importante do que é realmente essencial.

Acho que ninguém sabe o que acontece após a morte, nem tão pouco se sabe quando ela está a chegar. E posso garantir que gostava de mostrar a alguns vaidosos engenheiros e doutores o estado em que se encontra o meu avó e outros tantos velhotes que estão na cama do hospital à espera da “sua hora”.

– Meus caros, vocês podem ser o que quiserem, engenheiros, arquitectos, médicos, enfermeiros ou entregadores de carros. A nossa hora irá chegar, tal como a do homem que varre a rua ou como a do gato da vizinha.

É bom que tenhamos noção de que um dia teremos de cuidar dos nossos pais como eles cuidaram de nós. Um dia a vamos olhar à nossa volta e perceber que fazem falta certas pessoas que já cá não estão. Um dia… Seremos nós a estar numa cama de hospital ou a ser enterrados.

Ninguém está livre…

O que realmente me deixa triste é saber que existem milhares de pessoas com doenças graves, milhares de pessoas com um sofrimento incalculável… E mesmo assim existem seres cujo seu objectivo é criar mais dor e sofrimento. ESSES TAMBÉM NÃO ESTÃO LIVRES!

Não entendo o sofrimento, custa-me lidar com ele e quando penso na morte o meu corpo fica absolutamente gelado, pois o meu amor pela vida é cada vez maior.

É triste estar num hospital a visitar um ente muito querido e chegado… Mas mais triste é pensar em todos aqueles que lá estão a sofrer e que não tem alguém para cuidar deles.

Ouvem-se orações, choros, pedidos de ajuda… Se assim é num hospital, não quero sequer imaginar em tempo de guerras. Não quero sequer imaginar os desastres naturais. É um sofrimento insuportável… E deixando a política de lado, acho absolutamente preocupante existirem seres cujo seu sentimento é indiferença, mesmo sabendo que algumas das suas acções só irão gerar mais morte, angustia e sofrimento.

Nunca estamos preparados para sofrer… E também nunca estamos preparados para morrer, o que é certo é que todos nascemos com o mesmo fim… Nascemos para morrer, quer sejamos engenheiros, médicos, advogados, neo-nazis, comunistas, socialistas, pretos, brancos, asiáticos… Acho que devemos cada vez mais olhar uns para os outros com respeito, ou pelo menos ter a intenção de o fazer.

Existe demasiado sofrimento no mundo…

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

TÓPICOS

Siga-nos e receba as notícias do BOM DIA