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Britânica está a organizar comemoração do 25 de Abril em Londres

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Uma dramaturga britânica que viveu o 25 de Abril de 1974 em Portugal lançou uma campanha de financiamento coletivo para a celebração em Londres do 50.º aniversário da revolução com teatro, ‘workshops’ e fado. 

No centro do projeto “Viva Portugal” está a produção de duas peças de teatro, uma da própria Susannah Finzi (na foto acima) e a outra escrita por Armando Nascimento Rosa (foto abaixo), ambas com histórias ocorridas durante a ditadura. 

“A Reputation”, da autoria desta dramaturga e tradutora britânica, passa-se em 1966, quando, após 40 anos no poder, Oliveira Salazar reflete sobre o seu legado.

“Departure – The Woman Without Fear” (“Partida – A Mulher Sem Medo”), redigida por Armando Nascimento Rosa, relata a vida de Humberto Delgado da perspetiva da secretária e amante Arajaryr Campos. 

As peças, que terão elenco e encenadores lusófonos, vão estar em palco no Omnibus Theatre, no sul de Londres, entre 02 e 14 de julho, incluindo algumas sessões especiais com debates e duas noites de fado. 

Além de dramaturgo e professor de literatura, Armando Nascimento Rosa também é fadista.

O programa de “Viva Portugal” inclui dois ‘workshops’ em 18 e 24 de abril, na biblioteca South Lambeth Library, situada no bairro conhecido por ‘Little Portugal’ por ter um grande número de comércios e habitantes portugueses. 

As oficinas vão incentivar crianças e adultos a criarem a própria arte de rua, inspirada em fotografias de murais relativos à revolução pintados em Portugal nos anos 1970. 

As mesmas fotografias, captadas por Susannah Finzi e pelo primo Michael Noelke, vão ser projetadas no bar do Omnibus Theatre durante as duas primeiras semanas de julho, numa exposição em paralelo com as peças de teatro.  

O arquivo digital destas imagens foi doado ao Museu do Aljube – Resistência e Liberdade, em Lisboa, devido ao interesse histórico, pois restam poucos registos visuais daqueles murais.

A iniciativa “Viva Portugal” inclui ainda um projeto de arquivo de história viva, que passa pela recolha em áudio de testemunhos de pessoas sobre como souberam da revolução em 1974. 

Estes testemunhos estarão disponíveis na Biblioteca South Lambeth, onde está previsto ser realizado um debate no dia 24 de abril. 

A campanha de ‘crowdfunding’ para angariar 5.000 libras (5.900 euros) foi lançada após uma candidatura falhada ao Arts Council England, um organismo público britânico de apoio às artes. 

Quando os donativos chegarem às 2.000 libras, os organizadores garantiram um apoio que contribuirá com o mesmo montante. 

A dinamização deve-se sobretudo a Susannah Finzi, que viveu em Portugal entre 1969 e 1980.

No dia 25 de Abril de 1974 vivia em Lagos, onde dirigia uma empresa de construção civil com o marido da altura. 

O primeiro sinal de que algo se poderia estar a passar foi quando recebeu um telefonema do sócio a dizer que não poderia viajar para uma reunião por causa dos veículos militares em Lisboa. 

Outra memória que tem foi do vizinho, o artista João Cutileiro, militante comunista e opositor da ditadura, comentar nessa manhã que “o ar está mais limpo”. 

Apesar de não ter estado envolvida politicamente na altura, admira os protagonistas da revolução e o acontecimento marcou-a o suficiente para querer marcar o 50.º aniversário no Reino Unido. 

Pode ajudar o projeto aqui.

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