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Luxemburgo: qualidade de vida dos trabalhadores tem piorado

© Raúl Reis / BOM DIA

O bem-estar no trabalho regista uma deterioração “preocupante”, sublinhou a presidente da Câmara dos Assalariados do Luxemburgo (CSL, em francês Chambre des salariés), Nora Back, durante uma conferência de imprensa.

Em parceria com a Universidade do Luxemburgo, a CSL apresentou o seu décimo relatório sobre a qualidade de vida no trabalho, destacando a importância do equilíbrio entre a vida profissional e pessoal.

“É preocupante o tempo passamos no trabalho! É preocupante ver a quantidade de pessoas que não estão satisfeitas!” A presidente da Câmara dos Trabalhadores, Nora Back, mencionou as reivindicações pré-eleitorais, em suma, uma redução do horário de trabalho, esta quinta-feira, durante a apresentação da análise decenal das condições de trabalho no Luxemburgo.

Em colaboração com a Universidade do Luxemburgo, a CSL apresentou uma avaliação matizada da evolução destas condições e do bem-estar dos trabalhadores, incluindo os trabalhadores transfronteiriços – um fenómeno muito presente no Luxemburgo -, abrangendo mais de 200 questões com particular ênfase no equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, teletrabalho e mobilidade. O estudo existe em cinco idiomas para garantir a máxima inclusão, estando também em língua portuguesa.

O inquérito, realizado junto de 2.732 trabalhadores, combinou entrevistas telefónicas e questionários online, oferecendo assim uma representação fiel das experiências profissionais de residentes e trabalhadores transfronteiriços, incluindo 1.280 trabalhadores residentes no Luxemburgo, 544 em França, 509 na Alemanha, e 186 na Bélgica.

De acordo com a pesquisa da CSL, a proporção de pessoas que desejam mudar de emprego aumentou significativamente, de 19%, em 2020, para 27%, em 2023. “Isso pode ser devido às condições de trabalho, caso percebam que o seu trabalho não tem sentido”, explica o investigador Philipp Sischka, da Universidade do Luxemburgo.

O estudo destaca também uma deterioração de certos indicadores, nomeadamente o stress mental e a pressão de tempo, amplificada pela pandemia. Verifica-se uma tendência para a deterioração, com uma queda do índice de qualidade das condições de trabalho, passando de 54,9 para 54,6 (em 100) num ano (56,2 em 2014).

Mantêm-se aspectos “positivos”, como a autonomia no trabalho e a cooperação entre colegas, oferecendo vislumbres de esperança para o futuro profissional dos colaboradores.

Equilibrar a vida profissional e pessoal está a tornar-se uma dor de cabeça para muitos trabalhadores. Embora o estudo registe uma ligeira melhoria entre 2022 e 2023, a tendência ao longo de uma década revela um aumento de 34,7% nos conflitos entre vida profissional e pessoal. Este fenómeno afecta particularmente as mulheres.

O risco de ‘burnout’ aumentou significativamente no Luxemburgo, passando para 39,2 em 100 (em comparação com 29,4 em 2014). A possibilidade de ‘burnout’ é 33% superior à de 2016 (9,8 pontos percentuais). O estudo identifica uma pontuação de 34 em 100 para problemas de saúde física (ou seja, um aumento de 32,3% nos últimos dez anos) e uma queda na motivação no trabalho (-13,8%). Além disso, 13% dos trabalhadores expressam sentimentos de depressão ou risco de depressão.

Há também preocupações com a digitalização, com 13% dos trabalhadores a expressarem um “medo (muito) forte” de perder o emprego nos próximos dez anos devido à digitalização, um número que quase duplicou desde 2017, quando 7% sentiram o mesmo. . “Quem mais teme são os gestores e também os profissionais de TI, comunicação e tecnologia, conscientes das mudanças que estão por vir”, explica David Buchel da CSL.

Recorde-se que estão em curso as eleições sociais, para eleger os representantes dos trabalhadores luxemburgueses na CSL. Saiba mais aqui.

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