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Lições de moral

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Tudo o que se possa dizer, escrever neste momento está muito aquém do que se está passar. Sai pequenino, superficial, tão, tão, insuficiente. O nível de dois pesos, duas medidas, o nível de desumanização, de apagamento do que estão a viver os palestinianos, nomeadamente as crianças, nos nossos meios de comunicação por exemplo, é insuportável. É simples, uma vida palestiniana não vale nada.

Apesar de estarmos face a um massacre em curso de uma dimensão absolutamente indescritível continuamos a ouvir as vozes horrendas, indignas, cheias de soberba, de quem justifica claramente o massacre de mulheres e crianças, e ainda se sente no direito de dar lições de moral, de fazer a amálgama execrável entre um movimento mundial pelos Direitos Humanos e a defesa do Hamas e fazer perguntas tão estúpidas como esta “onde estão as feministas, queers e antirracistas?” Vozes de direita e extrema-direita que se estão a borrifar para estas causas, que apoiam religiões ou partidos reacionários ou discriminatórios em termos de Direitos Humanos, e instrumentalizam estas causas unicamente para servir a sua islamofobia ou arabofobia.

Uma extrema-direita que continua a ter nas suas bases ou direção pessoas absolutamente antissemitas e que se tornaram aliadas de Israel por pura conveniência, para poder atacar o inimigo do momento, mas que à mínima oportunidade regressarão aos seus ódios de estimação.

Como ousam dar lições de moral quando apoiam de forma cega um poder colonialista, racista, que pratica apartheid, que mata indiscriminadamente tantas mulheres, crianças, pessoas LGBTI+?

Como ousam utilizar estas causas como justificação para um massacre? O Hamas é segundo as estimativas 1% da população em Gaza.

Nós é que temos de perguntar onde está o vosso feminismo, o vosso antirracismo, o vosso ativismo pro-LGBTI+? E, não, os movimentos pelos Direitos Humanos não vão servir de plataforma para a vossa indignidade, para a justificação de um enorme Crime contra a Humanidade em curso. Podem continuar a propagar mentiras, podem continuar a enviar os vossos cães neonazis às manifestações, vociferar e depois fazerem-se de vítimas porque não foram aceites. Não servem causa nenhuma, nem a da população palestiniana nem da israelita, só a vossa.

Luísa Semedo

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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