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Funcionários consulares arriscam chegar à reforma “sem nada”

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Cerca de 100 dos 1.300 trabalhadores portugueses nos consulados e missões diplomáticas estão sem proteção social e arriscam chegar à reforma “sem nada”, como alguns que foram obrigados a vender os bens para sobreviver, denunciou esta semana Rosa Ribeira, secretária-geral do Sindicato dos Trabalhadores Consulares e das Missões Diplomática.

Para ilustrar a situação destes funcionários da administração pública portuguesa, tutelados pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, o sindicato partilhou com os deputados a história de uma portuguesa assistente de residência no Consulado Geral de Portugal em Nova Iorque, Estados Unidos, que atingiu o limite de idade, 70 anos, e, de um dia para o outro, ficou sem nada.

O caso chegou aos tribunais e motivou uma petição que vai ser analisada e que solicita ao Ministério dos Negócios Estrangeiros que providencie Segurança Social para todos os trabalhadores consulares e das missões diplomáticas.

Segundo Rosa Ribeira, se o ministério “cumprir a legalidade e fizer a inscrição de todos” os funcionários, isso terá “um custo de cinco milhões de euros”.

“É devido”, referiu, acrescentando que a este valor pontual para a regularização da situação acresce o encargo anual com os trabalhadores.

Ainda em matéria de proteção social, o sindicato alertou os deputados para o facto de existir uma percentagem de trabalhadores a quem falta tempo de descontos.

“São inscritos a partir de um certo momento, mas esquece-se o tempo em que não estavam inscritos”, explicou.

E sublinhou que estas situações, que classificou de irregulares, não são do passado, pois continuam a entrar funcionários para estas funções sem a devida proteção social.

No topo das prioridades do sindicato está a questão da revisão das tabelas salariais, porque “todos os outros problemas não terão solução se as pessoas não entrarem para um posto e viverem com dignidade”.

“Se a carreira não for apelativa as pessoas não vão escolher ir trabalhar para um posto consular, para a administração portuguesa, vão para uma empresa privada ou uma loja no país onde estão”, indicou.

A dirigente sindical alertou para as tabelas salariais em curso que estão “completamente desajustadas em relação às realidades locais”.

Além disso, prosseguiu, estas tabelas estiveram congeladas durante anos e “os aumentos que têm vindo a verificar-se têm a ver com a realidade portuguesa e não a dos países onde as pessoas vivem e trabalham”.

Deu o exemplo do Brasil, “uma questão duplamente grave, porque não só sofreram todo este impacto, como viram a sua remuneração fixada em reais e, neste momento, estão a receber um terço do que deviam receber”.

“É um problema de fundo, algo que não se compreende, é inadmissível, são trabalhadores em funções públicas. Deve ser em euros para toda a gente e depois, consoante os países onde as pessoas vivem e trabalham, ter a conversão para as divisas locais”, advogou.

Sobre esta matéria, recordou que o anterior ministro Augusto Santos Silva tinha indicado que a revisão das tabelas era “uma tarefa inadiável”, a qual acabou por ser adiada devido ao chumbo do Orçamento do Estado que conduziu a eleições antecipadas.

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