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Falência da Camel Active pode abrir novas oportunidades em Portugal

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A falência na Alemanha do representante da Camel Active leva a uma crise nos subcontratados no fabrico dos emblemáticos sapatos em Portugal, mas pode tornar-se numa nova “oportunidade para as empresas portuguesas”, segundo o empresário Fortunato Frederico, do Grupo Kaya, o maior produtor de sapatos em território luso.

O que se tornou claro para as empresas afetadas é que tão cedo as fábricas portuguesas não voltarão a ter encomendas desta marca, pois o grupo têxtil alemão Bültel, proprietário da licença “master” da Camel Active na região EMEA(Europa, África e Oriente Médio), está à procura de um novo parceiro, o que significa que não haverá coleções novas no inverno em 2022/23 nem no verão do próximo ano, segundo fontes da empresa.

Em comunicado, o grupo HC Footwear, com sede em Osnabrück, na Alemanha, explica que tem a licença para fabricar e vender os modelos da insígnia Camel Active e representa também as marcas Gant Footwear e Scotch & Soda Footwear, garantindo ainda que essas unidades de negócios não são afetadas pela falência.

Na última década, Portugal foi responsável pela produção de calçado de alta qualidade para a marca Camel Active, mas a atual situação da empresa alemã do grupo HC Footwear deixou as subcontratadas com faturas por liquidar, encomendas canceladas e um grande stock de sapatos nos armazéns, informação que foi confirmada pela APICCAPS, associação representante dos industriais portugueses do setor, em declarações ao jornal ECO. A empresa multinacional tinha contratos com fábricas da zona de Barcelos, no distrito de Braga, com cerca de 1.500 empregos criados desde o outono-inverno de 2020.

Sabia-se no meio empresarial do setor das dificuldades da multinacional desde maio de 2022, por razões que a empresa em comunicado atribui ao conflito na Ucrânia, à saída de vários mercados, como a Rússia, e de problemas nas cadeias de fornecimento, a inflação, bem como o aumento dos custos do transporte marítimo, num mercado global já em crise pelo arrefecimento nas vendas durante a pandemia de covid-19.

Ainda assim, o empresário nortenho, Fortunato Frederico, do Grupo Kaya, que tem fábricas em Guimarães e Paredes de Coura e que produziu durante anos os calçados da Camel, antes da HC Footwear entrar no mercado, considera que a perda da Camel, por muito grande que seja, até “pode abrir espaço para essas indústrias nacionais poderem aceitar encomendas de clientes em melhor situação financeira”, ganhando assim “algum fôlego para fabricar para os outros”.

“Penso que a saída da Camel não irá causar muitos problemas de trabalho, a não ser àqueles que deixaram de receber”, remata em declarações ao ECO.

Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, as exportações de Portugal entre janeiro e maio atingiram o valor de 792,4 milhões de euros, uma significa uma subida de 30,33% em valor face ao mesmo período do ano anterior, um aumento anual de 16%, mais do dobro da média mundial.

O World Footwear Yearbook diz também que Portugal apresenta o segundo maior preço médio de exportação, com 28,60 dólares por par de sapatos, um “sinal do prestígio que o setor conquistou no plano internacional”.

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