Ao fim de vários dias trancada em casa com os miúdos por causa do covid do mais novo, que felizmente não passou de febre ligeira no primeiro dia e nunca mais deu sinais de si, e de contarmos os dias, horas e minutos que faltam até ser sábado e podermos todos sair disto, eis que o meu filho mais velho apanhou também o bicho.
Tal como o irmão, febre ligeira umas horas, depois sacudiu a coisa e está aí para as curvas. Já retomaram ambos a ocupação preferida, que é arreliarem-se um ao outro.
Em termos práticos volta tudo para trás e mais sete dias de isolamento para nós. Eles estão radiantes, eu vou cerrando os dentes e espero sinceramente na velhice já só ter uma recordação muito ténue e melhorada disto.
O trabalho vai bem, obrigada. Fora a parte de eu estar com um humor de cão e a rogar pragas a quem acha que é possível (e expectável) uma pessoa conseguir ter rendimento com duas crianças aos saltos e esfomeadas o dia todo, corre tudo de feição. Ontem comecei a trabalhar às onze da noite, depois de ter passado o dia a ajudar os miúdos com as mil tarefas que as professoras lhes passaram. Antónimos, sinónimos, ângulos complementares e suplementares, deixaram de ter segredos para mim. Hoje será igual.
A vontadinha de ficar assim mais uma semana e o humor que daí advém é tal que nem o vírus se atreve a chegar-me perto. “Eh lá, esta não!”, ouço-o dizer. Ou isso, ou está a guardar-me para o fim.
De aqui do meu interminável 2020 vos saúdo, na esperança de que 2023 chegue depressa.
Ines Thomas Almeida