Bom dia ó Barros.
Isto era o que eu ouvia da boca da tia Ana da Água Nova.
Divertia-me imenso quando ela dizia isto, porque nunca o dizia por se estar a referir a alguém com o nome de Barros.
Também nunca soube em concreto, porque dizia a tia Ana, bom dia ó Barros.
Acho que era uma daquelas expressões que não podem ser traduzidas à letra. Tipo…” Tá bem abelha”, ou “Vou ali e já venho”.
Bom dia, é uma das expressões, logo a seguir aos palavrões, que os meus amigos ingleses, ou até mesmo de outros países, mais interesse mostram em saber pronunciar em português.
Bom dia, não é só um cumprimento, é também um desejo. O desejo de que o dia seja bom para aqueles com quem nos cruzamos, e para nós também.
Por isso, e por outras razões que seria supérfluo aqui enunciar, quando o Raúl Reis fundou o jornal digital, que viria a ser uma enorme ponte de informação e cultura das comunidades portuguesas, não poderia ter escolhido nome mais adequado, e mais agradável de pronunciar, do que o BOM DIA.
Normalmente, a seguir a um bom dia, acompanhado de um bom cafezinho, nada melhor do que começar a exercitar a mente com a leitura das notícias, sejam elas referentes à política, ou ao desporto, não só no que de mais relevante se passa em Portugal e no mundo, como também, um excelente elo de ligação do que se passa nas comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo. Os seus feitos, as suas conquistas e as suas glórias, e até mesmo as suas dificuldades, por vezes…as suas derrotas também.
O BOM DIA tem tido acima de tudo um excelente papel na transmissão da língua portuguesa a muitos jovens, grande parte deles, filhos de emigrantes, que nasceram no país onde os seus pais edificaram uma nova vida.
Jovens, muitos deles, com um certo grau de dificuldade em falar fluentemente o português, e por isso, o BOM DIA desempenha um importantíssimo papel em fazer esse contacto com a língua portuguesa, não só através das notícias, bem como muitos dos artigos dos colunistas, e das muitas atividades que o BOM DIA ao longo dos anos tem vindo a desenvolver, sobretudo, através das redes sociais.
É claro que, o sucesso do BOM DIA, não se deve a uma só pessoa.
Há com certeza uma vasta equipa de mulheres e homens, que fazem com que a máquina trabalhe cada vez com mais precisão, e cada vez com mais funções.
Um bom maestro, quando a sua orquestra está a tocar uma peça de Mozart, Beethoven, ou Vivaldi, ele mesmo, não toca nenhum instrumento, no entanto, sobe a sua conduta, a orquestra afinadamente e com classe, talento e sabedoria, de maneira harmoniosa, é capaz de levar uma plateia, durante a sua atuação, a viajar por outros mundos, outras vidas, as que já viveu, e as que cria ao som da música que o embala numa experiência única, sem sequer sair do seu lugar.
Eu conheci o Raúl Reis, tínhamos talvez entre os dez e os doze anos de idade.
Frequentamos juntos o primeiro e o segundo ano do ciclo preparatório.
E já nessa altura, o Raúl se destacava pelo seu espírito criativo, pelo seu excelente sentido de humor, pela sua inteligência, mas acima de tudo, pela sua simplicidade e a sua humildade.
Sim, é certo que o BOM DIA, o seu sucesso, a sua grandeza, que não para de crescer, é o trabalho de uma vasta equipa que o faz funcionar. Mas, como uma boa orquestra, também o BOM DIA precisa de um bom maestro.
O Senhor Presidente da República Portuguesa, o professor Marcelo Rebelo de Sousa, disse que o Raúl Reis é um fazedor, e o Secretario de Estado das Comunidades Portuguesas, Paulo Cafôfo, reiterou essa designação, fazedor, aquele que concretiza sonhos, projetos.
E eu corroboro essas palavras.
Durante muito tempo, o Mário Adão Magalhães, colunista do BOM DIA, não parava de me azucrinar a cabeça, no bom sentido da palavra, para que eu começasse a enviar textos para o BOM DIA.
Fui sempre muito reticente em relação a isso, pois sabia, como ainda sei, que eu não tinha, nem tenho, a mesma qualidade de escrita que tem o Mário Adão Magalhaes, que para mim, é uma das pessoas que melhor sabe escrever.
Quando, em Dezembro de 2017, eu finalmente cedi às insistências do Mário, o Raúl publicou no BOM DIA o meu primeiro texto, com o título “Virga-férrea”, um texto que falava essencialmente sobre violência doméstica.
Perante as minhas incertezas quanto à qualidade do texto, e de todos os outros que tenho enviado desde esse dia, até este que agora estou prestes a enviar, se não fosse a sua palavra de incentivo, de coragem, talvez eu não tivesse continuado a fazer parte dos colunistas do BOM DIA. (O que não seria necessariamente algo mau).
Por isso, e por muitas outras razões, tais como todas as dos, Portugal Positivo, parabéns ao BOM DIA, a todos aqueles que de uma maneira ou de outra, fazem parte dele, e ao seu maestro, o Raúl Reis.
António Magalhães
Nota do autor: Sou apenas um colaborador da página dos Colunistas no BOM DIA, por isso, não estou à espera de receber um aumento de ordenado, ou uma promoção. A não ser que, por um qualquer milagre o BOM DIA venha a ser um acionista maioritário da Radius Aerospace. Aí… a música já será outra.