André Ventura, o presidente do Chega, foi reeleito, surpreendentemente, com 98,9% dos votos na sexta convenção do seu partido. Escrevo bem… o seu partido. Dele, unipessoal.
Algo vai mal na quarta República. Confesso que contava que Ventura fosse reeleito com 101 ou 102%. Numa convenção muito democratizada, onde todos emitiram opiniões livres, diversas e distantes do líder Ventura, que por sua vez pediu que a convenção fosse mesmo assim, pluralista, onde cada um pense pela sua cabeça, – sua, dele, Ventura, pudemos ver André Ventura na mesa-palco do congresso rodeadíssimo de correligionários, a mostrar o seu individualismo.
Mais uma vez se viu cada um a pensar pela sua – dele, Ventura – cabeça. Vimos algumas raridades, a eloquência, a sapiência, a liberdade equidistante, como este diálogo com o vetusto e à futrica militante:
– “Eu penso como o André Ventura.
– E que é que o André Ventura pensa, sobre isto? – questiona a jornalista.
– O André Ventura… ele pensa… ó… que é que ele deve pensar… Eu nom… nom leio o pensamento das pessoas…”
E foi bom ver todos os participantes, muito ufanos, alegres, livres, pluralistas, participativos, com muitas ideias profundas e realistas que ali germinam para uma governação estável a partir de 10 de Março, a limpar Portugal.
Mário Adão Magalhães
(Não pratico deliberadamente o chamado Acordo Ortográfico).