No Campeonato Europeu de Futebol 2024, a seleção portuguesa demonstrou, mais uma vez, a sua resiliência e capacidade de superação. Alcançar os quartos de final e perder nos penaltis contra a França, após uma exibição consistente e resistente durante os 90 minutos e no prolongamento, é um feito que merece ser celebrado, não lamentado. Esta é uma oportunidade perfeita para refletirmos sobre a importância de nunca desistir, mesmo perante adversidades. Cair de pé, honrados, sem nunca desistir enquanto o jogo dura, é a primeira grande lição de resiliência face à a adversidade.
A ciência da psicologia tem investigado amplamente os mecanismos da resiliência e da motivação. A investigação mostra que a capacidade de persistir frente aos desafios que o jogo da vida nos dá, está fortemente associada ao sucesso a longo prazo. Carol Dweck, psicóloga da Universidade de Stanford, popularizou o conceito de “mindset de crescimento”, que se refere à crença de que as habilidades e inteligência podem ser desenvolvidas através de esforço e prática contínua. Este mindset, tão característicos em exemplos como Cristiano Ronaldo e Pepe, é fundamental para superar fracassos e alcançar objetivos elevados. Pessoas com um mindset de crescimento vêem os desafios como oportunidades de aprendizagem e crescimento, em vez de ameaças ao seu sucesso.
Além disso, Angela Duckworth, autora do livro “Grit: the power of passion and perseverance”, argumenta que a combinação da paixão com a perseverança é essencial para se atingir o sucesso. Duckworth define “grit” como a tenacidade e a persistência para longo prazo. Este conceito é ilustrado pela trajetória de muitos atletas de elite, como tão bem servem de exemplo Cristiano Ronaldo e Pepe, que se despediram dos campeonatos europeus neste torneio. As suas carreiras são a personificação inspiradora para todos nós, de determinação e perseverança. Goste-se ou não da sua personalidade, a evidência dos factos é inegável. Desde o início, na sua história de desenvolvimento até ao auge das suas carreiras, ambos enfrentaram adversidades significativas, mas nunca permitiram que essas dificuldades definissem suas trajetórias. Em vez disso, usaram cada desafio como um trampolim para alcançar novos patamares.
Como digo no meu recente livro “Mudamos pelo que fazemos”, a vida não é o que nos acontece. A vida é o que fazemos com o que nos acontece, pelo que não há destino para além daquele que fazemos.
A performance da nossa seleção é um exemplo vivo deste mindset. Não é apenas o talento que define esses jogadores, mas acima de tudo o trabalho árduo, a disciplina e a resiliência. São vários os estudos que mostram que a autodisciplina e a capacidade de adiar a gratificação são indicadores mais fortes de sucesso do que o Quociente de Inteligência. A história de vida de Cristiano Ronaldo, que saiu de uma infância humilde para se tornar um dos melhores jogadores de futebol do mundo, é uma ilustração poderosa de como a autodisciplina pode transformar vidas.
A jornada da seleção portuguesa neste campeonato é um espelho desta filosofia. Não se trata apenas de talento; trata-se de trabalho árduo, de aprender com os fracassos e de nunca desistir. A seleção portuguesa exemplifica isso ao unir-se como equipa, apoiar-se mutuamente e manter uma atitude positiva, mesmo nos momentos mais desafiadores, afastados do ruído dos comentadores e treinadores de bancada que só estão bem a dizer mal e denegrir quem tanto nos deu de emoções e de reconhecimentos ao país.
Para todos nós, há uma lição clara: a vida, assim como o futebol, é feita de altos e baixos. O que nos define não são as quedas, mas antes a forma como nos levantamos e continuamos a seguir em frente. Agradecemos às lendas vivas e ainda no activo Cristiano Ronaldo e Pepe, cuja carreira inspirou milhões a serem melhores, a fazerem mais e a nunca desistirem.
Convido todos os leitores a seguirem o meu Instagram (@drivandro) para mais reflexões sobre empoderamento e responsabilidade pessoal. Juntos, podemos continuar a inspirar-nos mutuamente a alcançar novos patamares e a construir um futuro melhor. Porque todas as etapas da vida constroem a nossa história, e, como dizia e bem Lavoisier, “nada se perde, tudo se transforma”
Ivandro Soares Monteiro
Psicólogo Clínico & Psicoterapeuta doutorado @eme_saude
Professor Universitário @icbas
Consultor Comportamental @croweportugal
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