O presidente da Câmara de Valença disse esperar a “solidariedade” do Governo para ajudar na recuperação da muralha da Fortaleza, que sofreu uma derrocada no domingo, porque a autarquia “não tem capacidade financeira” para a intervenção.
“Obviamente que a autarquia não tem capacidade financeira para recuperar a muralha (…) Isto é património nacional, que nós temos cuidado o melhor possível (….) Esperamos que o Governo seja solidário com o município e que rapidamente se faça esta reconstrução (…) Estamos a trabalhar na apresentação da candidatura a Património da Humanidade e não queremos correr o risco de ficar fora”, afirmou o presidente da Câmara, José Manuel Carpinteira.
O autarca socialista falava aos jornalistas durante a visita que a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, realizou hoje à zona da muralha que desabou e a outras partes daquela estrutura que foram identificadas como estando em risco de derrocada.
Ana Abrunhosa, acompanhada pelo vice-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), Beraldino Pinto, e pela diretora regional de Cultura do Norte, Laura Castro, afirmou que a reparação da muralha deve ser assegurada pela câmara local.
José Manuel Carpinteira garantiu que vai ser feita “uma avaliação técnica mais rigorosa” do estado da muralha e que, “nos próximos dias”, o município estará “em condições para avaliar o tempo que irá demorar” a sua recuperação, “e os custos” que representará a intervenção.
“É preciso recuperar esta fortaleza rapidamente”, frisou José Manuel Carpinteira, adiantando que o município “há já algum tempo que está a trabalhar com a Direção Regional de Cultura do Norte no sentido de avaliar eventuais riscos”, apontando um já “identificado na zona norte” da fortaleza.
O autarca socialista disse que a derrocada de domingo “foi uma grande tristeza” para a cidade.
“Iniciámos o ano muito mal, mas está aqui o Governo presente para nos dar o apoio e conforto para recuperar a muralha. Vamos acelerar ainda mais o trabalho que estávamos a fazer com a Direção Regional de Cultural do Norte no sentido de avaliar eventuais riscos. Temos de fazer esse levantamento rigoroso o mais rápido possível porque sem isso continuamos com a muralha no chão”, adiantou.
A diretora regional de Cultura do Norte, Laura Castro, também frisou a necessidade de “atacar de forma imediata a situação que surgiu” e garantiu que a derrocada de domingo “não fragiliza” a candidatura do imóvel a Património da Humanidade.
“Nem sempre os monumentos que são propostos a Património Mundial estão num estado extraordinário de conservação. Essas candidaturas envolvem sempre um plano de salvaguarda e de proteção faseado, e é esse o compromisso do município, precisamente por já estarmos envolvidos neste trabalho”, referiu Laura Castro.
A fortaleza, principal ex-líbris de Valença, é anualmente visitada por mais de dois milhões de pessoas.
Monumento nacional, em vias de ser candidatada a Património da Humanidade, a Fortaleza assume particular importância pela dimensão, com uma extensão de muralha de 5,5 quilómetros, e pela história, tendo sido, ao longo dos seus cerca de 700 anos, a terceira mais importante de Portugal.
No domingo, ao início da tarde, a muralha da Fortaleza de Valença sofreu uma primeira derrocada, tendo a proteção civil apontado como motivo o mau tempo que se fez sentir no Norte do país.
A parte da fortaleza que caiu fica na zona da Coroada, junto ao parque de estacionamento do Município de Valença, no distrito de Viana o Castelo.
Durante a tarde de domingo “houve mais uma derrocada na continuidade da [parte] que já tinha caído”, relatou o presidente da Câmara de Valença, José Manuel Carpinteira, em declarações à Lusa, salientando ser “bastante grande” o troço da muralha afetado.