De que está à procura ?

Portugal

Valença candidata tradição pascal a Património Cultural Imaterial em Portugal

A Câmara de Valença vai apresentar, até final de junho, uma candidatura da tradição pascal do “Lanço da Cruz”, que se volta a cumprir na segunda-feira, à lista nacional de Património Cultural Imaterial, disse esta sexta-feira à Lusa fonte autárquica.

O concelho de Valença, no Alto Minho, e Tui, na Galiza, voltam a cumprir a tradição na segunda-feira, quando, os padres de Cristelo Côvo e Sobrado cruzarem o rio Minho, de barco, para dar a beijar a cruz na outra margem.

Popularmente conhecida como “Lanço da Cruz”, aquele ritual é um dos pontos altos dos festejos em honra de Nossa Senhora da Cabeça – que decorrem naquela localidade minhota -, e que juntam milhares de peregrinos dos dois países durante o período da Páscoa.

Símbolo do bom relacionamento transfronteiriço, a travessia do compasso pascal cumpre-se sempre às 17:00, depois de o pároco Eugénio Silva dar a cruz a beijar na paróquia portuguesa.

Em resposta escrita a um pedido de esclarecimento enviado pela agência Lusa, fonte do Núcleo Museológico Municipal daquele concelho do Alto Minho explicou que o processo de candidatura, da responsabilidade do antropólogo Álvaro Campelo, está “em fase de elaboração” e que o objetivo é “manter a tradição viva, elevá-la e classificá-la a Património Nacional”.

A fonte explicou que a tradição pascal, que se cumpre “ininterruptamente há mais de dois séculos” esteve “sempre muito associada à comunidade piscatória e à tradição pascal de bênção dos barcos (segunda casa dos pescadores) das águas, e do povo ribeirinho”.

Além da Câmara de Valença, o projeto de classificação daquela tradição integra a União de Freguesias de Cristelo Covo, Valença e Arão, a comunidade piscatória de Cristelo Covo, a comissão fabriqueira de Cristelo covo, o pároco local e a Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho, estrutura que agrega os dez concelhos do distrito de Viana do Castelo.

A candidatura envolve ainda “entidades espanholas da Freguesia de Sobrado, em Tui, e a Marinha portuguesa e espanhola”.

A travessia do compasso pascal cumpre-se na próxima segunda-feira, sempre às 17:00, depois de o pároco português dar a cruz a beijar na paróquia de Cristelo Côvo.

O padre, “devidamente paramentado e com uma cruz ornamentada, entra num barco de pesca e dirige-se até à margem espanhola onde dá a cruz a beijar aos paroquianos da outra margem”.

A tradição “perde-se nos tempos” e pouco tem mudado, mandando que, “a meio do rio, se lancem as redes para apanhar peixe”, enquanto “estouram foguetes e se ouve o ribombar dos grupos de bombos”, contou.

Mais recente é visita do pároco de Sobrado, na Galiza, a Cristelo Côvo, que acontece desde meados dos anos 90 do século passado.

Manda a tradição, “popular e religiosa”, que o rio se encha de pequenas embarcações e, durante o tempo em que a cruz é dada a beijar, os pescadores locais lancem as redes, devidamente benzidas. Mas o produto da pescaria já não reverte para o pároco de Cristelo Côvo, como antigamente.

Até à noite, os sons das gaitas de foles misturam-se com os das concertinas, das castanholas, o rufar dos bombos e tambores numa autêntica romaria galaico-minhota.

Do programa da festa, merece ainda referência, terça-feira, a missa para os peregrinos galegos, celebrada em galego pelo pároco de Sobrado, às 10:00, na Capela de Nossa Senhora da Cabeça, a que se segue, uma hora mais tarde, outra missa, mas desta vez em português.

Os peregrinos comem, depois, as suas merendas nas sombras do parque de Nossa Senhora da Cabeça, mandando a tradição que o farnel seja constituído sobretudo pelo que sobrou do carneiro da Páscoa.

A tradição do Lanço da Cruz é uma manifestação religiosa e popular “muito acarinhada pelas populações da raia minhota e que, ano após ano, atrai um maior número de pessoas e turistas”.

TÓPICOS

Siga-nos e receba as notícias do BOM DIA