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Tutankhamon

© dr

Uma brisa suave soprava elevando as dunas.
A areia quente a tudo salpicava, naquela tarde em brasa,
Enquanto, altivo e belo, contemplavas inocente o horizonte distante,
Perdido na imensidão do deserto.

Tutankhamon,
Teu rosto lindo, acobreado, refletia, naquele instante,
Todo o fulgor do sol que mansamente no horizonte distante se deitava…
Teus lábios firmes denotavam força e determinação.
E teus lindos olhos oblíquos fitavam indiferentes a imensidão.

Faraó guerreiro, consciente e determinado,
Ostentavas todas as insígnias reais do teu nobre Império.
E trazias impresso no rosto o selo da sorte e do mistério,
Mas guardavas no peito cruel saudade de um rosto amado,
Que um dia por Tebas havia passado.

Em silêncio profundo, naquela tarde, mergulhado,
Curvava-se tristemente diante de ti mesmo
E choravas, impotente, as lágrimas de um rei
Que tem nas mãos o destino de uma nação,
Mas não consegue dominar o seu próprio coração.

Sutilmente, por longos anos, sofreras e em prantos tua alma vivera,
Porém, nunca de teus deveres te esqueceras.
Do seu trono reinaras firme e a teus súditos, com orgulho, o Egito defendera.

Tutankhamon,
Que tão prematuramente partiste
E o teu amado Vale ao longo do Nilo deixaste,
Levaste consigo o segredo que na luz dos teus olhos vivia.

E Tebas, envolta em pedras e areia, nunca conseguiria compreender
Porque molhaste com teu pranto o anoitecer 
E te deixaste envolver pelas tramas da corte,
Que, em breve, traiçoeiramente tua vida ceifaria.
Fora amor, disseste, um dia, quando no leito, teu último suspiro exauria.

Arádia Raymon

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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