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“Ter que” ou “ter de”?

Provavelmente, como falante nativo do português, já se deparou com a diferença ténue, na escrita, entre “ter que” e “ter de”. Na comunicação oral, quando falamos ou quando ouvimos, essa diferença pode passar facilmente despercebida. No entanto, a escrita envolve processos cognitivos diferentes (Ferrand, 2007), o que pode levar uma pessoa atenta a questionar-se. Contemporaneamente, essa diferenciação perdeu-se na língua portuguesa e os seus falantes tanto usam o “ter que” ou o “ter de” para expressar uma ideia de obrigação, necessidade ou desejo, pese embora a segunda expressão (ter de) esteja linguística e historicamente associada ao significado de obrigação, necessidade, precisão, desejo e obrigação.

Repare nos dois exemplos seguintes:

1️⃣ Tenho que comer.
2️⃣ Tenho de comer.

Ao ver estes exemplos, não estranhará o usos de ambas as expressões e isso é perfeitamente normal, dado exprimirem as mesmas ideias a que já nos aludimos. Mas, então, o que é que as diferencia? A forma “ter de” serve para exprimir as ideias de obrigação, necessidade ou de desejo (exemplo 2). Já a forma “ter que” usa-se quando antes do «que» se pode subentender «algo» e na qual está presente uma informação sobre o que o emissor tem em mãos ou possui (tenho alguns alimentos que posso comer).

Assim, a diferença ténue entre o uso destas expressões, pode resumir-se da seguinte forma:

3️⃣ O João não vai ao cinema, porque [tem de estudar] = a necessidade/obrigação/desejo de estudar impede-o de sair.
4️⃣ O João não vai ao cinema, porque [tem que estudar] = Não é o dever de estudar que o impede de sair, mas sim a quantidade de matéria para estudar; não é o que deve fazer, mas sim aquilo de que precisa de fazer.

Ás de Letras

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