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Taxas moderadoras, a imprudência

© Lusa

No dia um de Junho deixou de se pagar as taxas moderadoras no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Depois sublinha-se que quem for à urgência e que não fique internado, a gravidade não o justifique, ou não vá referenciado por outro serviço de saúde, inclusivamente a Saúde 24, pagará a dita taxa. Com isto pretende-se disciplinar a deslocação à urgência por dá cá aquela palha. Desmotivar o utente, portanto. Uma imprudência.

O Ministério da Saúde ainda não tem em conta que a esmagadora maioria que vai a uma urgência, fá-lo porque não encontra resposta antes de lá chegar – nos centros de saúde, onde nem sequer encontra resposta a uma chamada telefónica, que em tempo de pandemia se generalizou pelo País.

Não vale a pena escamotear a realidade. Trata-se de dar resposta aos utentes nos serviços de saúde primários. E ver-se-á que o caudal das urgências hospitalares diminui. Ninguém quer ir a um serviço de saúde normalmente mais distante, com maior dificuldade de deslocação e de transporte, onde também presencia as mais dispares patologias e se sujeita a impressões e traumas, infecções e tudo o que é mais comum num serviço hospitalar de urgência. 

Claro que estes desideratos – infecções, por exemplo, não são peja exclusiva do tempo pandémico. Sempre se esteve sujeito a isto. E nunca serviu para argumentar que os utentes generalizadamente, mas nem aqueles com patologias de AVC`s, enfartes e cancerígenas deixaram de ir voluntariamente às urgências com medo de contaminações. Não. As pessoas não foram porque não havia serviços disponíveis. Os pacientes queriam tratar-se, assim houvesse atendimento.

O Ministério da Saúde é que decidiu limitar tudo. Tudo passou a ser covid. Quando poderia ter aproveitado em paralelo muito harmonizado, continuar a atacar nas listas de espera, vendo antes uma oportunidade por mor de outros serviços forçosamente limitados, dar vazão às listas e não parar tudo. Já se viu.

Assim como o Primeiro-Ministro, António Costa e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vêm muitas oportunidades económicas e turísticas para o País por causa da guerra do senhor Putin, vissem então aquelas oportunidades!  

Este desplante de parar tudo com a pandemia, diga-se já, agora, resulta em que os profissionais e outros agentes de saúde viram autorizada a despreocupação, não vão retomar o ritmo pré-covid. Assim como os profissionais que entraram de novo para acudir ao contingente se depararam com esta realidade rítmica, amanhã, se por milagre a covid fosse erradicada do planeta, jamais o método anterior de trabalho vai ser retomado.

Não vale a pena culpabilizar o caos nas urgências porque o utente lá ocorre sem mais. Dê-se-lhe a resposta nos serviços primários. Até porque tocando às urgências entupirem, elas entopem em qualquer altura.

Mário Adão Magalhães

(Não pratico deliberadamente o chamado Acordo Ortográfico).

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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