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Sobre a exclusão de Portugal dos corredores turísticos do Reino Unido

(INTERVENÇÃO NA AUDIÇÃO AO MINISTRO DOS NEGÓSCIOS ESTRANGEIROS, AUGUSTO SANTOS SILVA, SOBRE A EXCLUSÃO DE PORTUGAL DOS CORREDORES TURÍSTICOS DO REINO UNIDO)

Dia 8 de julho de 2020

Muito obrigado Senhor Presidente,

Cumprimento o Senhor Ministro em nome do Grupo Parlamentar do PS e permita-me que comece por manifestar alguma surpresa perante o requerimento do PSD e mesmo algum desapontamento,  porque parece que o PSD ainda não percebeu que nesta altura da pandemia também estamos a viver uma competição desenfreada, nalguns casos mesmo sem regras, para captar o turismo interno e externo, que parece estar para além de todos os esforços diplomáticos que possam ser feitos. E não tenho dúvidas nenhumas que o Governo tem sido exemplar na defesa dos interesses nacionais. Mas também não me parece adequado o PSD pretender tirar dividendos de natureza política de uma situação deveria suscitar muito mais a nossa coesão coletiva e menos esta confusão aqui lançada pelo PSD.

Mas agradecemos ao senhor Ministro a sua disponibilidade para informar o Parlamento sobre o que o Governo e a nossa diplomacia têm feito para reverter a decisão de excluir portugueses dos corredores aéreos. E sei que o Governo e o Senhor Ministro têm sido incansáveis na defesa dos nossos interesses, como não podia deixar de ser.

Mas ninguém pensaria que o Governo britânico, com a situação dramática que tem vivido, pudesse tomar uma decisão com um impacto tão forte no turismo nacional levando à anulação de milhares de reservas, mas afetando também a perceção externa que do exterior se tem de Portugal como destino turístico e isto é também da maior importância que seja sublinhado.

Por isso estou convencido, como disse o Senhor Presidente da República, estamos perante uma grande lição de história e seria importante que em termos gerais houvesse mais transparência, concertação e criação de medidas de confiança para que os turistas pudessem decidir livremente onde querem ir passar as suas férias, sem estratégias incompreensíveis nem critérios à la carte para beneficiar uns países e excluir e prejudicar outros.

Vivemos um período em que todos os países e não apenas os do sul precisam imenso do turismo para atenuar a brutal quebra de atividade económica e por isso deveria haver razoabilidade e critérios coerentes e compreensíveis quando se fazem listas que incluem uns países e prejudicam outros.

E a verdade é que quando olhamos para a situação de Portugal e da Inglaterra não vemos nem razoabilidade nem coerência, mas sim critérios arbitrários. Diria mesmo que a decisão do Reino Unido não tem grande lógica nem tem pés nem cabeça.

Portanto, aquilo que verificamos é que, enquanto o Reino Unido é o oitavo país com maior número de infetados, Portugal está em 39º e com um número de casos sete vezes inferior, já para não falar do número de mortes.

Por outro lado, pela observação da imprensa britânica e internacional revela-se que Portugal tem sido sempre, desde o início, muito mais eficiente na gestão da pandemia do que o Reino Unido.

Não menos importante, é que Portugal tem sido sempre transparente e rigoroso na divulgação da informação, sem alterar metodologias da contabilização e apresentando sempre o número de casos ativos, o que não se pode dizer do Reino Unido.

E também não se compreende porque Portugal tenha sido excluído mas a Espanha não, não obstante ter sido um dos países atingidos mais duramente… a menos que seja para fazer trabalhar os aviões da British Airways e de Iberia, que desde 2010 estão juntas na holding International Airways Group.

Portanto, como se pode compreender esta decisão britânica?  Será que estamos perante uma corrida desenfreada e sem regras pelo turismo, será que há fundamentos económicos por detrás desta decisão do Reino Unido?

Muito obrigado.

Paulo Pisco

 

 

 

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