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Sina do jornalista antigo imbuído nos papéis e aos papéis

A língua portuguesa é aquele lugar comum, aquele signo que diz “a língua portuguesa é muito traiçoeira”.

Há muitos truques, digamos assim, para fazer analogias ou criar imagens na memória para saber como se escreve determinado termo – por exemplo “Emigrar” e “Imigrar”(*), ou pontuação e acentuação.

Claro que isto vale para sempre, mas a informática torna isto mais prescindível. Pode, contudo, ser dois em um: aprender ou avivar a memória e, quiçá, divertir com alguns exemplos que trago, mas poderei voltar com ambos os propósitos.

Senão, porra! A ideia é simplificar e se fosse uma coisa muito pesada, especialmente em tempo balnear, não seria tão agradável.

Observemos a importância da mais simples pontuação:

“O presidente compareceu à reunião, acompanhado da secretária, do director e do coordenador.” = Ele foi com três pessoas.

“O presidente compareceu à reunião, acompanhado da secretária do director e do coordenador.” = Agora ele foi só com duas pessoas. – O director não foi, e a secretária é a do director e não do presidente.

Temos outro caso igualmente útil, útil e igualmente com graça:

“Se o homem soubesse o valor que tem a mulher, atenderia todos os seus desejos. = “Se o homem soubesse o valor que tem, a mulher atenderia todos os seus desejos.”

Pese eu não me lembre da seguinte prática, foi esta, além do meu gosto natural, a primeira que me chamou à atenção, até pelo simbolismo: “Salazar pode morrer. Não faz falta à nação.” = “Salazar pode morrer? Não! Faz falta à nação”.

Para terminar com uma de truz: “O caçador tinha um cão e a mãe do caçador era também o pai do cão”. = “O caçador tinha um cão e a mãe; do caçador era também o pai do cão”.

Mário Adão Magalhães

 

(Não pratico deliberadamente o chamado Acordo Ortográfico)

(*) O meu truque, que é a parte cómica da coisa, para não confundir quando devia escrever, por exemplo, “Emigrar” e “Imigrar”, eu pensava nas vogais: “e” e “i”. A “Emigrar” eu associava “e”, e a “Imigrar” associava “i”. Como “e” é primeiro que “i” associava que primeiro estava o desejo de sair e por fim entrar na aula.

NB: As “referências” que faço são maioritariamente da minha memória. Mas como consultei também esse tratado que é o livro “A Linguagem dos Jornalistas”, desse mago que é Orlando Raimundo, aproveito para o evocar, entre mais, o facto de ter sido meu monitor no CENJOR de que foi fundador. Além de jornalista, escritor e investigador fundamental na contemporaneidade.

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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