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Sentimentalão

Eu já escrevi que sou um sentimentalão. Assim mesmo. Na verdade a minha sensibilidade é atraída por algo que muitas vezes ninguém repara ou se o vê, fica indiferente. Este meu estado de sentimentalão obriga-me a reiterar que não sou simpático, mas sou um homem de afectos. Nesta tarde, um velho lúcido e homem sensível para além da ternura que desperta e cativa, do alto da sua autoridade de vida que são os seus noventa e três anos, proporcionou mais um momento da prática da minha posição de sentimentalão. Não foi bem ele. Ele fá-lo comigo, com o seu abraço ou as suas mãos que têm histórias de noventa e três anos. Num espaço hoteleiro muito conhecido em Felgueiras, espaço mítico onde eu próprio já palestrei em devido tempo, a menina, empregada do referido espaço, tirava paciente e ternamente as espinhas do prato do velho senhor. Eu não preciso de dizer mais. Sensibilizei-me (…) e não pude evitar, mesmo sem querer, agradecer espontaneamente à menina o acto que praticara. E eu lá me lembrei que sou um sentimentalão. Não sou simpático – não me interessa, mas ainda sou homem de afectos.

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