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Rentrée: Pontal não define agenda

© Lusa

Luís Montenegro questionado quando foi eleito líder do PSD acerca da visibilidade que não tem por não ser deputado, respondeu com desfaçatez medonha: “Pelo contrário”, e dizia que tem mais visibilidade e “percorre diariamente o país em contacto com as pessoas”. 

Montenegro, por petulância, desvalorizava a importância que a mediatização imprime à actividade política e a todo e qualquer político. 

A política tem muitas desfaçatezes que continuo a ter séria dificuldade em entender, mas deve ser por isto mesmo: Política. Uma coisa com partes muito iguais ao futebol. Inconsciência tacanha sem clareza aos olhos de quem assim vê e de quem atira areia aos olhos de quem lê, ou ainda faz ruído aos ouvidos de quem ouve.

Na festa da chamada rentrée política do Pontal, que decorreu no Domingo, Montenegro quis recuperar um ritmo e importância que o evento teve num passado, e quis colar a diferença actual à pujança do PSD de outrora. Agora vamos ver se não estar no Parlamento é realmente melhor.

Luís Montenegro teve mais presença-perfil quanto foi líder Parlamentar… e antes de enfrentar Jorge Moreira da Silva nas eleições de Maio último para liderar o PSD. Moreira da Silva tem mais perfil e consistência para liderar o PSD e merecia-o (também) por deixar um cargo importante como é o de director da Cooperação para o Desenvolvimento da OCDE.

Só que Moreira da Silva não beneficiou do terreno que Montenegro já trilhara exactamente através da visibilidade mediática que este agora desvaloriza, e teve uma figura mais consistente. Para Moreira da Silva foi pena, foi pena para o PSD e para a democracia no Parlamento. Um líder melhor reflecte melhor e mais democrática oposição ao Governo.

Temos ainda pela frente muita acção politizada e desnecessária, saída de alguma comunicação social e especialmente de eventos tipo Pontal, onde se traz Passos Coelho à arena das Presidenciais de 2026 só porque esteve presente. 

Estes cenários não deixam de ser tudo aquilo que o momento político não precisa, servindo para alimentar algumas franjas, levando já ao colo Gouveia e Melo sem cuidar de saber das suas apetências, transformando as Presidenciais em espaços de repouso para Marques Mendes, sobrevivência de Paulo Portas, rejuvenescer Santos Silva – lá para então então com muitos aninhos e outros proto-candidatos que nem trago à liça, mas sem esquecer que já colocam António Costa na corrida se este, mais do que nunca, parecer afastado da Europa.

Mário Adão Magalhães

(Não pratico deliberadamente o chamado Acordo Ortográfico).

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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