O Papa aprovou a publicação do decreto que reconhece as “virtudes heróicas” da irmã Maria do Monte (1897-1963), religiosa das Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus, anunciou o Vaticano.
Esta é uma fase do processo que leva à proclamação de um fiel católico como beato, penúltima etapa para a declaração da santidade; para a beatificação, é agora necessária a aprovação de um milagre atribuído à intercessão da religiosa madeirense.
A Diocese do Funchal reagiu ao anúncio deste “passo importante”, em comunicado, destacando que esta é “a primeira venerável nascida na ilha da Madeira”.
Em declarações à Agência ECCLESIA, D. Nuno Brás assinalou o reconhecimento em ano da realização da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023.
“No ano da Jornada Mundial da Juventude o Papa dá aos jovens hoje, um exemplo de santidade português. O que o Papa nos está a dizer é que é possível ser santo, reconhecendo as virtudes heroicas da irmã Maria do Monte”, afirmou.
A irmã Maria do Monte nasceu em 1897, na freguesia de Santo António (Funchal) e foi batizada com o nome de Elisa de Jesus Pereira; em 1927, entrou na Congregação das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus, assumindo o nome de Maria do Monte,.
A religiosa faleceu a 18 de dezembro de 1963, após uma vida ligada à Casa de Saúde Câmara Pestana e ao Centro de Reabilitação Psicopedagógica da Sagrada Família.
A causa de canonização foi aberta a 4 de março de 2007, no Funchal, e ouviu cerca de 40 testemunhas, tendo sido encerrado a 18 de dezembro de 2008.
D. Nuno Brás sublinhou a necessidade de divulgação da causa de canonização, promovida pela Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus, pois sem essa divulgação “mais dificilmente se reconhecerá um milagre”.
“O Papa Francisco reconheceu hoje a vida da irmã Maria do Monte, nascida e falecida no Funchal, como exemplo de vida cristã, a partir dos seus escritos e vida. Isto é claramente algo de muito importante. Para ser declarada beata precisamos de um milagre, e para isso há que divulgar a sua causa de canonização para que o milagre possa acontecer e declarada oficialmente beata”, reconheceu.
A causa decorre junto das irmãs hospitaleira mantendo-se a Diocese do Funchal disponível para “ajudar no que for necessário” e estiver ao seu “alcance”.
O portal de notícias do Vaticano destaca, na sua página, uma vida “passada entre os doentes da Madeira”.
“Desenvolve o seu serviço e apostolado em várias comunidades, onde foi estimada pelas religiosas e experienciou fenómenos singulares, que viveu no escondimento e com humildade”, pode ler-se.
Estas experiências espirituais foram registadas por escrito, por sugestão do seu diretor espiritual.
“Mulher de grande força moral, caraterizou-se por uma notável capacidade de autocontrolo, que derivou da extraordinária intimidade com Deus, e foi com a ajuda da graça que conseguiu enfrentar situações difíceis, marcadas pelas precárias condições de saúde”, indica o Vaticano.