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Realidade da imigração portuguesa em Inglaterra em palco no Maria Matos

A experiência de imigrantes portugueses e de habitantes locais de Great Yarmouth, na costa leste de Inglaterra, estão na base do espetáculo “Provisional figures Great Yarmouth”, que sobe ao palco do Teatro Maria Matos, em Lisboa esta sexta-feira.

Da pequena vila inglesa com cerca de 40 mil habitantes, saíram os intérpretes Ana Moreira, Maria do Carmo Ferreira, Pedro Cassimo e Sérgio Cardoso de Pinho, o esloveno Ivan Ammon e os ingleses Peter Dewar, Richard Raymond, Robert Elliot e Victoria River, compondo o elenco da obra de Marco Martins, sobre a atualidade política e a condição de imigrante, que começou numa ideia original de Renzo Barsotti.

A peça teve estreia em maio, no Reino Unido, foi apresentada no Porto, no âmbito do Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica, no Porto, e chega agora ao palco do Maria Matos, em Lisboa, para fazer parte da derradeira programação do teatro, como parte da rede municipal de salas de espetáculo, antes da sua concessão a privados, promotores de espetáculos.

Marco Martins, com a sua equipa, propôs-se retratar a atualidade política e a dinâmica pessoal e comunitária daquela comunidade inglesa, bastante numerosa, naquela zona da costa leste, o que foi possível através do trabalho com os portugueses da fábrica Bernard Mathews, onde se transformam perus em produtos para consumo doméstico.

O título da peça, “Provisional figures”, remete para a designação estatística oficial de imigrantes, em situação indefinida ou provisória, no Reino Unido.

“É totalmente diferente apresentar esta peça no contexto inglês e no português, até porque em Inglaterra, no Festival de Norfolk e Norwich, aconteceu num teatro em Great Yarmouth”, explicou à Lusa o realizador e encenador, antes da apresentação no Porto, reforçando o “contexto muito particular” para o público português do projeto que iniciou há quase dois anos.

Depois da crise de 2008, o aumento do desemprego no país de origem, levou a um fluxo migratório “diferente do [feito para] França, nos anos 1970 e 1980”, sendo que em Portugal se “romantiza” o que é “desconhecido em absoluto, sobre este tipo de situações”, afirmou o encenador.

Assim, se em Inglaterra “Provisional figures” foi “muito mais um espetáculo como reflexão dentro da própria comunidade”, em Portugal Marco Martins mantém a perspetiva de fazer “uma reflexão mais abrangente” e a oportunidade de ultrapassar “um certo cliché e desconhecimento das condições de trabalho neste tipo de locais”.

“Para o público português, esta é uma peça muito violenta, por causa desta realidade de grande dureza, que é desconhecida”, completou.

O regresso dos portugueses ao país de origem, para a representação da peça, causou-lhes “uma comoção muito grande”, disse Marco Martins à Lusa.

“É um alívio chegar cá”, saindo de um local “muito árido e que é um pouco como o fim do mundo”, como a comunidade de Great Yarmouth, onde 71,5% das pessoas votaram para sair da União Europeia no referendo do ‘Brexit’.

“Provisional Figures Great Yarnouth” sobe ao palco principal do Maria Matos, em Lisboa, duas semanas depois de apresentado no Teatro Rivoli, no Porto, no âmbito FITEI, e um mês após a estreia no local de origem, na Grã-Bretanha.

O espetáculo faz parte do ciclo Migrações, a decorrer, no Maria Matos, desde o dia 19

“Provisional Figures Great Yarnouth” fica em cena até 04 de julho.

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