É bom que fique claro que o Presidente da República não é um criminoso.
Lapidar.
Isto de Tancos é pior que deus-mo-livre.
Na altura de tão ridículo que foi, dei-lhe pouca atenção porque qualquer importância que se lhe pudésse dar, e porque aquilo não era assim tão paroquial nem assunto de caserna, como de resto as devidas entidades estavam a fazer crer, o melhor era ficar aquém; bem distante daquela dimensão.
Tratava-se de segurança do Estado, do povo português. Logo estávamos todos em causa, com a nossa (in)segurança.
Havia contornos – digo-o com toda a humildade, que parecem haver tido inspirados na “Ida à Guerra” do imenso Raúl Solnado.
“No limite podia não ter havido furto nenhum” – verberava com ar categórico o senhor Azeredo Lopes. O valor fiduciário era de xis – agora nem vale verificar, como se fossem esses valores mais em causa, e também apareceram materiais que eram “deste tamanho” – gisava o senhor chefe maior de estado, com o competente sorriso triunfal. A televisão tem-no reiterado de tal modo que quase tenho a sensação as minhas teclas, estas que dígito aqui, aqui e assim, se inserem num aclive sonoro.
– Creio que precisava que as teclas do computador deviam transmitir para vocês que lêm, o mesmo som emitido amiúde na televisão.
Isto é tão importante – foi desde o primeiro minuto, tão interessante, que me custa compreender que quase todos os agentes que superintendem, e os outros que por esta ou aquela razão haviam pronunciar-se, não o fizeram.
Com o tempo, ao sabor e à oportunidade do calendário político e demais interesses, foi sendo mexido, até que por fim se consuma a exoneração do senhor Azeredo e as respectivas descendências e circunferências. Faz-se luz, mas porque o calendário – os calendários, assim o exigiam – exigiram até à data fatal.
As eleições.
De modo algum estou a dizer que o assunto não mereça tratamento – oportunamente escrevi-o.
Lembro: Devia ter sido encarado desde o primeiro minuto, como um assunto gravíssimo de Estado.
Mas a política… Bem! As eleições…
E então quando o senhor Presidente da República tem que vir dizer: “É bom que fique claro que o Presidente da República não é um criminoso”…
É uma vergonha.
O senhor Presidente da República não é um criminoso. Criminosos somos nós elementos que compomos o Estado.
Cada povo tem o(s) governo(s) que merece.
Batemos… Portugal bateu outra vez no fundo.
(Não pratico deliberadamente o chamado Acordo Ortográfico)