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Pode o olival ser solução para CO2?

O olival da zona do Alqueva sequestra anualmente “as emissões de CO2 das cidades de Beja e Évora” e utiliza “menos terra e água para produzir mais azeite”, destacou a Olivum – Associação de Olivicultores do Sul.

“O olival moderno é um dos setores realmente capazes de fazer sequestro de carbono (CO2), com sete ou oito toneladas por hectare, precisamente devido à densidade de árvores”, disse à agência Lusa Gonçalo Almeida Simões, diretor executivo da Olivum.

Segundo o mesmo responsável, tal equivale a que, anualmente, “o olival moderno instalado na zona do empreendimento do Alqueva” consiga “sequestrar as emissões de CO2 dos 82 mil habitantes das cidades de Beja e Évora”.

Gonçalo Almeida Simões falava à Lusa depois de a Olivum ter sido ouvida pela comissão parlamentar de Agricultura e Mar, na Assembleia da República (AR), sobre o estado do setor da produção de azeite em Portugal.

A Olivum, que representa cerca de 100 associados, o que corresponde a 300 explorações, com cerca de 40 mil hectares de olival, pretendeu “enriquecer o debate público com dados e factos científicos” sobre o setor e “esclarecer os grupos parlamentares sobre a realidade da cultura”, disse a associação, num comunicado enviado à Lusa.

O diretor executivo da Olivum destacou à Lusa que “seis projetos de lei sobre o olival moderno estão a aguardar para serem debatidos e votados em sessão plenária da AR” e que hoje, perante os deputados, quis “demonstrar a performance económica e a sustentabilidade ambiental e social” do setor.

“Dois dos projetos de lei são d’Os Verdes, outros dois são do PAN, um é do PCP e outro é do Bloco de Esquerda”, indicou, argumentando que “todos” têm “um olhar negativo” para o olival moderno, que alegam ter “falta de sustentabilidade ambiental e social”.

“Demonstrámos o contrário na comissão parlamentar e tivemos o acolhimento da maior parte dos deputados”, afiançou o diretor executivo da associação de olivicultores.

Os seis projetos de lei, no geral, exemplificou, defendem “pedidos de estudos de impactos ambientais, antes e depois da instalação dos olivais, com retroatividade, o que é inconstitucional, uma moratória para culturas que apelidam de intensivas ou a proibição da colheita noturna”.

A “criação de faixas de proteção de até um quilómetro entre o olival e as populações para aplicação de fitofármacos e o fim dos apoios públicos para este tipo de culturas, como o olival, mas também a vinha, o amendoal, o abacate e outras” são também exemplos dados pelo responsável.

Além do contributo do olival moderno para a descarbonização, Gonçalo Almeida Simões argumentou que, em termos ambientais, o setor “é uma das culturas que menos consome água”, pois gasta “três mil metros cúbicos por hectare, independentemente do número de árvores”.

“Se queremos diversificação no Alqueva, não há muitas opções culturais além do olival porque as únicas outras culturas que gastam menos água são a cevada e a vinha, numa comparação de 20 culturas”, assinalou.

“O olival em sebe permitiu aumentar em mais de seis vezes a produtividade de azeite no Alentejo, nos últimos 18 anos”, referiu a associação, frisando que tal foi feito “utilizando menos terra e água”.

A Olivum aludiu a “todo o desenvolvimento económico” que o setor “trouxe à região”, frisando que não foram só as explorações, mas também “as empresas agrícolas, de rega, de manutenção, de contabilidade, de informática e de robótica” que se fixaram e “a investigação nas universidades que cresceu muito”.

“Há 32 mil postos de trabalho a tempo inteiro a nível nacional”, salientou o diretor executivo, que disse também que “o setor não recorreu ao ‘lay-off’” e, antes de a campanha de apanha da azeitona arrancar, “em outubro, eventualmente, pode vir a contratar desempregados”.

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