O Papa visitou a cidade italiana de Bari, encerrando um encontro dedicado às migrações e aos conflitos no Mediterrâneo, alertando para os discursos populistas que alimentam o “medo” entre as populações.
“A retórica do choque de civilizações serve apenas para justificar a violência e alimentar o ódio. O falhanço ou, em todo o caso, a fragilidade da política e o sectarismo são causas de radicalismos e terrorismo”, alertou, falando no encontro promovido pela Conferência Episcopal Italiana sobre o tema “Mediterrâneo, fronteira de paz”.
Na cidade do sul da Itália, Francisco lamento o aumento do sentimento de “indiferença e até de rejeição” perante migrantes e refugiados, vítimas da pobreza e de guerras, apontando o dedo a quem promove um discurso que “leva a erguer as próprias defesas perante aquilo que, instrumentalmente, é descrito como uma invasão”.
“Não aceitaremos jamais que pessoas que procuram por mar a esperança morram sem receber socorro, nem que alguém que chega de longe acabe vítima de exploração sexual, seja mal pago ou contratado pelas máfias”, apontou.
A intervenção recordou os focos de instabilidade e guerra, quer no Médio Oriente quer em vários Estados do norte da África, além da questão Israel-Palestina, “correndo o perigo de soluções não equitativas e, consequentemente, pressagiadoras de novas crises”.
O Papa alertou ainda para as violações ao direito da liberdade religiosa, nesta região mediterrânica e no Médio Oriente, rejeitando “extremismos e fundamentalismos”.
“A perseguição de que são vítimas sobretudo, mas não só, as comunidades cristãs é uma ferida que dilacera o nosso coração e não nos pode deixar indiferentes”, indicou.
Francisco denunciou o “grave pecado de hipocrisia” dos países que falam em paz, nos palcos internacionais, mas depois vendem armas às nações em guerra, arrancando aplausos dos presentes.