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O Reino Unido não tem de pertencer à União Europeia

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No Reino Unido (RU) os nacionalistas pretendem um Brexit desordenado, porque assim se prometem preservar a soberania nacional e vantagens económicas. Os moderados querem um divórcio regulado, mas sem que o Reino Unido e a Irlanda do Norte fiquem permanentemente dependentes da União Aduaneira com a União Europeia (UE).

Por seu lado a UE espera que se realize um segundo referendo. A Irlanda tem medo de perder a vantagem da sua economia e da segurança da ilha e, por isso, insiste numa fronteira aberta com a Irlanda do Norte. A possibilidade de guerra (atentados, a nova IRA) na Irlanda do Norte revela-se como um trunfo para a EU.

O conflito da Irlanda do Norte (província do RU) só poderá ser resolvido com a permanência do RU na UE ou com a criação de uma União Aduaneira entre UE e RU.

Razões de Estado por parte do RU

Na crise entre a União Europeia e o Reino Unido há que considerar não só razões de Estado inglês, como também a consciência nacional dos bretões. A ideia de império continua na Commonwealth que economicamente pode contar com 53 países. O RU tem conseguido estar presente no mundo sem sair dele.

Para se perceber um pouco da tanta hesitação e medo por parte do RU em delegar competências nacionais a Bruxelas, seria bom ter-se em conta o que Winston Churchill escreveu em 1950: “O Reino Unido pertence à Europa, mas não faz parte dela”.

Um outro aspecto tem a ver com a unificação da Alemanha e com a criação da zona Euro. Margret Thacher opôs-se totalmente à reunificação da Alemanha, mas teve de aceitar a vontade do Presidente dos EUA, Georg H. W. Bush. O Presidente francês Mitterrand temia que a reunificação da Alemanha perturbasse o processo de unidade europeia e, queria em contrapartida o euro como um mínimo de segurança em relação ao poder acrescentado do vizinho, com o que o chanceler Kohl concordou, embora considerasse o euro como economicamente negativo para a Alemanha; por outro lado o RU manteve a sua independência em relação à moeda mas sentia-se incomodado com a ingerência política de Bruxelas em relação à imigração e à assistência social à mesma. (Estes aspectos podem ter-se em conta, para melhor compreender o pacto de amizade agora realizado entre a França e a Alemanha!)

O RU é uma nação grande e orgulhosa e, por isso, quer sair da UE, para não se sentir vassala de Bruxelas. Por outro lado, uma Alemanha amarrada à UE não tem outra hipótese senão expandir-se, expandindo a Europa; talvez isto leve os Bretões a realizar um novo referendo.

No meio de tanta crise na UE torna-se incompreensível que os tecnocratas de Bruxelas não pensem numa Europa das nações com certos sectores (militares e de política externa) comuns; ou, em vez de lutar contra a maré popular, fazer algo mais em defesa da cultura e do povo e deste modo estabelecer algum compromisso entre regentes e governados; não é lógico que se estabeleçam compromissos só entre os altos parceiros da governação, nem que lóbis e ONGs se aproveitem da UE para desestabilizar a cultura e os Estados europeus.

No caso do Brexit se realizar, principalmente empresas com negócios no RU e na UE já pensam em reorganizar-se para não sofrerem o desgaste da meda Libra em relação ao Euro. Para alguns proprietários de empresas (e não só) que fiquem no Reino Unido talvez não seja má ideia de adquirirem a nacionalidade britânica.

A título de curiosidade

O RU, foi um império que Portugal ajudou substancialmente a crescer através do dote que a princesa Catarina de Bragança levou para se casar com Carlos II; naturalmente Portugal, com a política de casamento, assegurava o apoio do velho aliado contra as aspirações filipinas na guerra da restauração. A Inglaterra recebeu, como dote do casamento, a praça de Tânger, na África, e o porto da Ilha de Bombaim, na Índia, além de imensas joias e tesouros.

António da Cunha Duarte Justo

 

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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