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O lusodescendente que acompanhou Obama

O fotógrafo oficial de Barack Obama na Casa Branca, Pete de Souza, cujos avós são naturais da ilha de São Miguel, considerou o Presidente Donald Trump um “corrupto”.

Para este norte-americano nascido em New Bedford, uma cidade de grande concentração de portugueses com origem açoriana do estado de Massachusetts, Trump “não deveria ser presidente” porque é “corrupto e vigarista”, esperando que as pessoas “recuperem o bom senso e votem” em 2020 nas eleições presidenciais.

O fotojornalista visitou a terra dos seus antepassados, cujos avós eram naturais da Ribeira Grande e Porto Formoso, pela primeira vez em 1988, com um tio, pelo período de duas semanas.

Mas em 2016, apesar de ter estado apenas por duas horas nos Açores, o momento “foi especial” quando Obama, em trânsito da Europa para a América do Sul, a bordo do Air Force One, que fez escala nas Lajes, na ilha Terceira, fez questão, contra o que era usual na suas viagens pelo globo, de tocar solo açoriano para tirar uma foto com o seu fotógrafo, cujas origens conhecia.

“Obama chamava-me com frequência de açoriano. Ele nunca saia do avião nos reabastecimentos porque provocava muito alvoroço e os serviços secretos teriam que trazer mais elementos, mas fez questão de transmitir que quando aterrasse nos Açores ia sair do avião e tirar uma foto comigo: o nativo com o presidente”, recordou Pete Souza, em entrevista à Lusa.

Pete Souza disse que “estava uma linda tarde e ele passou as duas horas de reabastecimento a passear-se na pista das Lajes, apreciando o cenário, que mesmo do aeroporto era lindo com as pastagens e o oceano não muito longe”.

Mas o passeio de Obama nos Açores acabou quando alguém “apareceu a correr e o alertou para o facto de estar a pisar uma pista que ia ser utilizada por um avião para aterrar”.

Pete Souza, que começou a sua experiência profissional num jornal universitário no estado de Kansas, onde se formou em fotojornalismo, recordou a sua infância em New Bedford, onde cresceu: adorava comer malassadas, massa doce frita que está associada à tradição de Carnaval da ilha de São Miguel e cuja receita foi levada pelos emigrantes açorianos para os Estados Unidos.

“Sei que Obama comeu malassada numa padaria do Havai, onde existe uma larga comunidade açoriana. A padaria onde ia com a minha mãe está agora fechada. Não sei onde ir agora para comer uma”, declarou Pete Souza, que afirma que todas as vezes que vai visitar a mãe tenta comer uma pizza à base da linguiça de São Miguel.

Conheceu Obama quando era profissional do jornal ‘Chicago Tribune’, baseado em Washington, tinha o presidente norte-americano sido eleito para o Senado, em 2004.

Documentou em imagem os dois primeiros anos de Obama: “conhecemo-nos ambos profissionalmente, ele ficou a conhecer o meu trabalho e quando foi eleito para a presidência dos Estados Unidos, quatro anos depois, pediu-me para ser o seu fotógrafo”.

Na década de 1980, Pete Souza já tinha estado ligado à Casa Branca quando colaborou com Ronald Reagan, que não conhecia, tendo recebido um convite do seu fotógrafo, a meio do primeiro mandato, para trabalhar na Casa Branca.

O fotojornalista de origem açoriana considera que esta foi uma “boa experiência que se revelou útil para se tornar chefe da fotografia da Casa Branca com Obama, com quem mantém contacto, vendo-se ambos pontualmente.

O ponto alto da sua carreira foram os oito anos com Obama, mas nos nove anos ao serviço do Chicago Tribune realizou viagens internacionais “muito interessantes”, tendo estado no Afeganistão após o 11 de setembro, em Papua Nova Guiné, China, Kosovo, Mongólia, a par de outros destinos que se não fosse ao serviço do jornal norte-americano “nunca teria a oportunidade de conhecer”.

Pete Souza está nos Açores desde segunda feira e até domingo, onde apresentará os seus dois livros, intitulados “Obama: An Intimate Portrait” e “Shade: A Tale of Two Presidents”, em sessões públicas agendadas para as ilhas de São Miguel, Pico e Terceira, a convite do Governo dos Açores.

O fotojornalista encara esta viagem como de “procura e conhecimento” e vai tentar “perceber se é possível contar em imagem uma história única dos Açores”, estando a “formular mentalmente que projetos posso desenvolver regressando”.

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