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O congresso do PSD

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Perdoem-me os meus amigos que não são do PSD mas decidi partilhar esta reflexão com todos vós.

Todos sabem que faço parte deste grande Partido. Em boa verdade ele faz parte da minha vida. Sempre me orgulhei de ser seu militante… colei cartazes, batalhei no movimento associativo, nos sindicatos, na rua, sempre em defesa de um conceito de sociedade que corresponde à minha forma de pensar… Ter o direito de me expressar em liberdade, de ter acesso a uma justiça igual para todos, de viver num País desenvolvido, com igualdade de oportunidades… Ser social democrata!

Por isso lutei contra todos os que entendiam o contrário, contra aqueles que, em determinado momento da nossa História, quiseram tirar-nos esses direitos essenciais numa sociedade democrática. Ora o PSD, para mim e para muitos, foi sempre um espaço de liberdade em que tive a possibilidade de afirmar a minha forma de ver os problemas, de concordar ou de discordar. Para nós o PSD foi e é um partido central na vida pública nacional do pós-25 de Abril.

Por isso entendo que as questões internas do PSD não se esgotam no seu seio, dizendo verdadeiramente respeito à generalidade dos Portugueses, pelo menos àqueles que mais se preocupam com o nosso futuro coletivo.

É assim que a eleição do futuro Presidente do PSD é um facto verdadeiramente nacional, que não nos permite manter o debate que lhe está associado apenas confinado às assembleias do Partido.

Questões como a estratégia para o futuro, o modo de abrir o Partido à sociedade, a organização interna e até o processo eleitoral, com o novo método de pagamento de quotas à cabeça, dizem de facto respeito a todos e não apenas aos filiados.

Ora começo exatamente por aí, pelo novo sistema de quotização.

Depois de fazer sentir internamente algumas opiniões que há muito tenho sobre tal matéria, aguardei serenamente pelo limite do período para o pagamento de quotas para os filiados, que constituirão o universo eleitoral que irá eleger o futuro Presidente do Partido, para me pronunciar.

No conjunto das secções que fazem parte do Círculo Eleitoral de Fora da Europa, por onde eu fui eleito deputado, onde se encontram filiados quase 1600 pessoas, só teremos 10 em condições de exercer tal direito de voto. Estranho, não é verdade?

Mas porque é que isto aconteceu? Será que deixámos de ter a implantação habitual neste conjunto de países e as pessoas se afastaram de nós?

Pelo contrário! Nas recentes Eleições Legislativas, em que o PSD teve um dos piores resultados da sua História, a verdade é que continuámos a ser o primeiro partido neste Círculo, com quase o dobro dos votos do PS (cerca de 17 mil votos contra cerca de 10 mil). Não sendo exatamente o resultado que desejávamos, tal demonstra de forma indiscutível a capacidade do nosso Partido chegar até estas pessoas e o trabalho de muitos desses nossos militantes, que encontrei em tantas e tantas sessões um pouco por todo o Mundo.

O que se passou, realmente, é que o Partido optou recentemente por um sistema de pagamento de quotas que, na prática, impede todas as pessoas que não tenham contas bancárias em Portugal, que não possuam um cartão de crédito internacional ou que não queiram fazer uma transferência interbancária internacional, com todos os custos que lhe estão associados, de proceder ao pagamento de tal quota.

Por outro lado, é bom que estejamos bem cientes que em vários países estes custos representam o valor de vários salários mínimos.

Assim se retira, na prática, o direito de voto, internamente, à quase totalidade dos militantes do Partido dos países de Fora da Europa, atirando-os claramente para uma espécie de segunda divisão da vida partidária.

Na prática, o que é grave é que isto fecha o Partido em torno de “meia dúzia”, afastando-o ainda mais da sociedade.

No fundo trata-se de uma espécie de nova refiliação, limitando ao máximo a vida interna a um universo o mais reduzido possível, até porque estas dificuldades para proceder à regularização de tais quotas se estendem a imensos outros companheiros com quem fui falando um pouco por todo o País.

Acho tudo isto isto inacreditável!

Como disse no início, acredito sobretudo nas virtualidades da democracia, não tendo dúvidas da importância do PSD para a sociedade portuguesa, enquanto grande partido reformador, liderante na luta pela justiça social e por um desenvolvimento sustentável, que una o maior número possível de portugueses.

Porém, para sermos liderantes temos de mobilizar o maior número possível de pessoas, temos de ter ideias congregadoras, propostas inovadoras, capazes de motivarem muitos daqueles que não têm votado em nós, particularmente os mais novos, devolvendo a esperança aos portugueses.

Para tal temos de ser capazes de mobilizar o maior número possível de pessoas em torno de propostas realistas, mas arrojadas, que mudem o sistema político, que combatam a corrupção, que promovam o desenvolvimento, que fomentem verdadeiramente a criação de emprego, que reformem a educação, que apostem na iniciativa dos cidadãos e das empresas, que ajustem a administração pública à realidade do mundo de hoje, que combatam as assimetrias regionais, etc, etc.

Por tudo isto, tenho de vos confessar que votarei em Luís Montenegro nestas eleições para Presidente do PSD.

Acredito que ele será capaz de nos unir, de nos aproximar mais dos portugueses (sem esquecer os milhões que vivem fora do País), de formular propostas inovadoras e mobilizadoras… acredito que, com a sua determinação, a sua experiência como Presidente do Grupo Parlamentar num dos períodos mais difíceis da nossa História, a sua jovialidade e a sua capacidade de inovar seremos capazes de nos aproximarmos dos muitos jovens que deixaram de se rever nos políticos.

Acredito que Luís Montenegro saberá olhar todos os militantes por igual, sem qualquer tipo de discriminação, abrindo verdadeiramente o Partido à sociedade e apostando na nossa reorganização, de forma a voltarmos a ganhar eleições no plano nacional ou local.

Termino este breve texto, reafirmando a minha convicção de que o PSD continuará a ser essencial para o futuro de Portugal desde que saibamos ser ousados, criadores de mudança e que nos afirmemos com determinação, honestidade e humildade. Para nós, Portugal e os portugueses terão de estar em primeiro lugar. É exatamente esse o meu ojetivo com este texto e será isso que farei na Assembleia da República com o mandato que tenho a honra de ter recebido dos Portugueses da Diáspora.

 

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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