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Mindset para enfrentar nova era de competitividade internacional a partir de 2019

As características humanas que mais vão ser importantes para o futuro próximo não podem mais continuar a estar mais assentes em visões lineares preto ou branco. Infelizmente, o estado actual das comunidades deixaram de se preocupar com o individual e a pessoa, mas antes com o que o grupo de pessoas a que cada um pertence, criticando os “outros” como errados e alvos a abater do que “nós”, os mais puros e detentores da verdade.
Quanto mais deixamos de poder dizer o que pensamos numa relação interpessoal ou social, mais nos anulamos como pessoas e mais facilitamos a criação de muros que nos separam a todos. Esse é o risco da concordância com quem parece saber o que diz, sem termos cabeça própria e conhecimento do nosso lado, para podermos contrapor, com argumentos sustentáveis, caso não concordemos. E se não conseguimos reflectir e duvidar do que nos é dito, até conseguirmos ficar com as ideias bem definidas, acabamos por ficar com opiniões superficiais, sem profundidade suficiente para aceitar que podem pensar diferente de nós. E isso não permitirá gerir conflitos, visões extremas, adaptações e transições de vida. Com este caminho, acabamos por olhar para o mundo com o síndrome de Dunning-Kruger (ou seja, vemos alguma informação superficial, e só porque percebemos aparentemente, já somos uns experts no assunto – para saber mais ver – https://bomdia.eu/ser-o-melhor-da-nossa-rua-o-efeito-dunning-kruger-e-a-superioridade-ilusoria/)
Se não temos capacidade de conversar sobre perspectivas diferentes e construímos visões radicais, não há diálogo entre posições diferentes, o que fortalece a construção de barreiras de relacionamento interpessoal e dificulta, claramente, a evolução social, porque as pessoas deixam de funcionar como indivíduos e funcionaram como grupos competitivos que alimentam as suas próprias ideias contra as do outro grupo. E quando assim é, entramos em sistemas de funcionamento extremistas, totalitários ou dictatoriais.
Leitura, conhecimento e debate com discurso livre de medo com ideias de pensamento articulado e aceitação da diferença é o que sustenta a evolução social futura mais madura e competitiva.
Um recente estudo sobre a teoria e história de alguns países para tentarem predizer o futuro emergente (Mazarr et al, 2018 – https://www.rand.org/content/dam/rand/pubs/research_reports/RR2700/RR2726/RAND_RR2726.pdf), evidencia que a visão extremista de quem acha que o foco é vencer ou perder em relação ao(s) outro(s), não é o que melhor se vai adaptar.
Uma nova era de globalização, com a internacionalização da competição (termo que não há definição homogénea entre vários países), caracterizada por crescimento político, económico e competitividade militar obrigará a desenvolver diferenciadas capacidades psicológicas (cognitivas, emocionais e comportamentais) que só quem tiver capacidade de pensamento articulado sustentável e com bom senso assertivo, serão os que melhor se adaptam. Daí que talvez haja um crescimento da importãncia dos psicólogos ao nível mundial para ajudar a melhor compreender estas ferramentas de maturidade pessoal de cada indivíduo. Pelo menos é o que vejo na maioria dos empresários, executivos, professores e artistas que me procuram na minha prática clínica ou de consultoria empresarial, pois são todos pessoas que diariamente têm que lidar com outras pessoas, gerir conflitos, desenvolver cooperação e estimular a produtividade com resultados.
O mindset emergente e mais evolutivo da Pessoa deverá ser muito mais ancorado na competência de gestão da comunicação e relacionamentos interpessoais, do que na visão mais simplista e básica de que “ou se ganha ou se perde”. E é essa competência, tão pouco ainda estimulada no desenvolvimento dos sistemas familiares e académicos (pré e pós-universitários), que será fundamental para termos a capacidade de contestar e não facilitar o caminho para os extremistas e radicais, utopicamente cegos com as verdades desligadas da realidade e neurobiologia e fisiologia humana. Concomitantemente, esse mindset contribuirá para termos capacidade de contra-argumentação sustentada, para podermos ter uma conversa e capacidade de gestão de conflitos, assim como gerir interesses diferentes mas complementares entre as pessoas.
Resumindo, o que percebemos destes estudos de predição futura, evidenciados neste estudo, é que estamos numa era emergente que envolve capacidades de contra-argumentação sustentada, competição e cooperação, onde o “vencer” e o “perder” é o modelo mental ultrapassado/ errado, na medida em que estamos em constante movimento no mundo actual.
A importância do saber-pensar (ou articulação do pensamento) só é possível com leitura, conhecimento e debate livre de ideias.
Ivandro Soares Monteiro, Prof Doutor
Psicólogo Clínico / Psicoterapeuta
Psychological Coach Consultor Comportamental
CEO da EME SAÚDE
Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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