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Mercado imobiliário português resiste bem à pandemia

2020 foi um ano desafiante para a economia portuguesa e navegado por águas incertas devido à pandemia da Covid-19. Com vários setores económicos a serem fortemente afetados pelas consequências da crise pandémica, Portugal tenta agora erguer-se gradualmente e minimizar os efeitos negativos. 

O mercado imobiliário tem conseguido manter a sua resiliência e apesar de alguns segmentos estarem a viver maiores dificuldades, existem outros que encontraram na covid-19 uma oportunidade de crescimento e maior afirmação, explica a Savills em comunicado enviado ao BOM DIA.

O novo estudo publicado pela Savills, consultora imobiliária internacional, revela que o volume de investimento no setor imobiliário registou um aumento de 39% entre janeiro e setembro de 2020, em comparação com o mesmo período de 2019.

No total, foram investidos 2.278 milhões de euros, ao invés dos 1.628 milhões de euros investidos no ano passado. Para atingir este resultado, destaca-se o setor dos escritórios e do retalho, que contabilizaram 76% do volume total de investimento observado até ao final do 3º trimestre de 2020.

Outro dado importante a destacar passa pela natureza do investidor que, em Portugal, seguiu a mesma linha dos últimos anos, onde o investimento estrangeiro foi dominante. No período em estudo, o volume de investimento estrangeiro contribui para 81% do volume de investimento total.

Se olharmos aos negócios que mais dinheiro movimentaram durante este período, verifica-se a venda do Lagoas Park ao grupo Hendersen Park, que resultou num negócio de 420 milhões de euros e também a venda de 50% da Sierra Fund à Allianz | Ello, numa transação avaliada em 750 milhões de euros.

Mercado residencial em Lisboa regista aumento de vendas

Mesmo num cenário pandémico, onde a compra de casas poderia sofrer um revés, a verdade é que, entre janeiro e setembro de 2020, o volume de vendas registou um aumento de 6,18%, face ao mesmo período de 2019.

No total, foram vendidas 44.8 mil unidades residenciais, levando a um volume de negócio total de 10 mil milhões de euros. Este aumento regista-se também devido ao crescimento da importância das cidades satélite de Lisboa no mercado residencial, assente em preços mais competitivos e apelativos a um leque mais alargado de compradores.

Os dados deste estudo revelam que, depois da capital portuguesa, as cidades de Sintra, Cascais e Almada foram aquelas que verificaram o maior número de vendas de unidades residenciais.

Tendo em conta o valor por metro quadrado nas freguesias em Lisboa, Santo António mantém o valor mais alto, com uma valorização de 7.099€/m2. Segue-se a freguesia da Misericórdia, com 6.836€/m2 e Santa Maria Maior, com 6.272€/m2.

Após um 1º trimestre em que os efeitos da pandemia ainda não se faziam sentir, o mercado de escritórios de Lisboa iniciou a sua trajetória de descida a partir do 2º trimestre de 2020.

Nos dados presentes neste estudo, verifica-se que, desde o início do ano, o volume de ocupação de escritórios em Lisboa sofreu uma queda de 30%, se comparado com o mesmo período de 2019.

No total, entre janeiro e setembro de 2020, foram ocupados 102.399 m2, ao invés dos 145.603 m2 ocupados no período homólogo de 2019. O terceiro trimestre registou também a pior recaída do ano, com uma queda de 55% e 59% comparado com o 2º e o 1º trimestre de 2020.

Apesar dos resultados que espelham uma atitude mais cautelosa nas estratégias de ocupação das empresas, o setor financeiro continua a ser o mais ativo no mercado de escritórios de Lisboa, sendo o único mercado que verificou um crescimento no volume dos metros quadrados ocupados, passando de 25.310 m2 em 2019 para 35.405 m2 em 2020. O crescimento no volume de absorção de entidades financeiras é um bom indicador da solidez dos grandes ocupantes, que têm protagonizado operações de peso.

É importante salientar que apesar do decréscimo no volume de absorção, o valor de renda prime não acompanha este movimento e mantém-se nos 25€/m2/mês, não acusando pressão de descida.

Já no mercado de escritórios do Porto, o volume de absorção aumentou 1,3% comparativamente ao mesmo período de 2019, mantendo-se semelhante aos números registados na fase pré-pandémica.

Os setores de TMT´s & Utilities e Serviços a Empresas são os mais ativos na grande região do Porto, assumindo em conjunto 50% do volume total de absorção. Para os próximos dois anos, estima-se que mais de 180.000 m2 de novos espaços de escritórios farão parte do mercado nesta cidade.

Setor do retalho vai sofrer mudanças com compras online

Apesar do contexto pandémico que estamos a viver, o setor de retalho em Lisboa tem continuado a reinventar-se, com a abertura de novas lojas, conceitos comerciais e expansão de alguns centros comerciais existentes. Cerca de 80% das novas aberturas no segmento de comércio de rua disseram respeito ao setor de Restauração & Bebidas, seguido pelo setor de Moda com 13%.

No entanto, apesar do esforço feito para manter estas estruturas abertas, as vendas têm sido mais baixas do que no período pré-pandémico derivado às várias medidas restritivas, a uma descida no nível de confiança dos consumidores e a um aumento da taxa de desemprego.

De salientar que apesar das vendas nos espaços físicos terem sofrido um decréscimo, mais do que nunca, a compra de produtos através da Internet tem verificado um crescimento exponencial. Os dados apresentados com base em estudos de entidades credenciadas, verificam que 37% dos portugueses compram online, uma percentagem que ainda se encontra longe dos 60% verificados na Europa. Esta percentagem revela que existe um grande potencial de crescimento neste tipo de negócio. Os mesmos dados verificam também que cerca de 80% dos consumidores portugueses acede regularmente à Internet e que 44% desse público faz compras online.

Setor da indústria verificou aumento de 35% entre janeiro e setembro de 2020

Outro dos setores que teve um grande crescimento foi o setor de indústria e logística. Entre janeiro e setembro de 2020, verificou-se um aumento de 35% de ocupação face ao mesmo período de 2019.

É expectável que alguns eixos logísticos possam sofrer uma pressão de aumento de rendas, nomeadamente aqueles que se encontram mais próximos dos centros urbanos e que se destinam a responder à grande tendência do last-mile.

Os resultados verificados durante este ano permitem definir algumas tendências que irão marcar o próximo ano. Uma das tendências verificadas passa pelo uso das novas tecnologias e da robotização que terão um papel disruptivo ao definir uma nova pressão nas cadeias de logística. Também se espera que o Nearshoring surja na sequência do cenário pandémico que vivemos, servindo como um impulso adicional para fazer regressar as unidades de produção aos mercados de consumo que têm o objetivo de servir.

 

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