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Luz na madrugada

© dr

Longe, as ondas espargiam-se na praia, cheias de brancas espumas, emprestando à areia uma tonalidade de bruma e de neve.

Enquanto ao longe, em silêncio eu contemplava o oceano revolto, sem sentimentos, sem dissabores…

Apenas mirando as ondas, o vento brando e o azul calmo do mar distante.

Num relance, passou-me na mente a tua imagem.

E em pensamento revi teus olhos, teus lábios e teus cabelos.

Teu riso era calmo, quase feliz e tuas mãos seguras e firmes, tinham a suavidade do anoitecer, quando passeávamos felizes, esquecidos do mundo à nossa volta, naquele princípio de noite estrelada e bela.

Mas uma nuvem soprada por vento forte, tirou-lhe o riso, obscureceu teu olhar negro e brilhante, e roubou-lhe a serenidade da fronte altiva e bela.

E eu, esbatida qual onda incerta, jogada contra os rochedos no mar, ao teu lado, fiquei, sem um gesto ou palavra, sentindo no peito o choque tremendo que me sufocou.

Teus olhos buscaram-me cheios de certeza e, asfixiada, não pude estender-te a mão, porque o vento rugia forte e ameaçador, encorajado pela nuvem, agora calma.

Foi um instante de desalento intenso e cruel, como se as estrelas de repente caíssem todas do céu.

Num instante, a alegria fugira, o riso morrera e o coração parecia ter sido arrancado do peito violentamente, deixando o peito vazio, sem dor, apenas em estado de choque paralisante.

Havia uma estrela no céu, ainda me lembro, e foi a ela que eu recorri, suplicando por socorro, sabendo que naquele instante eu de novo te perdia… Para sempre…

Arádia Raymon

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