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Língua portuguesa é muito importante para os timorenses

Uma ampla maioria de estudantes do ensino superior timorense considera a língua portuguesa muito ou relativamente importante para se ser “verdadeiramente” timorense, segundo o estudo de um académico australiano.

Os dados, recolhidos pelo investigador Michael Leach entre centenas de alunos do ensino superior em Díli, confirmam um reconhecimento crescente, entre os mais jovens, do papel da língua portuguesa na formação da identidade nacional.

Feito ao longo dos últimos 15 anos – com sondagens a alunos do ensino superior em Díli a cada cinco anos desde 2002 -, o estudo permite avaliar a evolução da perceção de um setor da juventude timorense sobre alguns dos elementos centrais da identidade nacional.

Questões como língua, relação com o catolicismo, com a região ou com os países considerados mais próximos, bem como elementos do passado e do presente, fazem parte do estudo, divulgado no encontro Timor Leste Update, da Australian National University (ANU).

Entre as questões colocadas Leach quis saber até que ponto é que capacidade nas duas línguas oficiais – tétum e português – é importante para a noção de identidade timorense, verificando como essa perceção evoluiu ao longo do tempo.

No caso do tétum esse reconhecimento tem-se mantido elevado e quase todos consideram que é muito ou bastante importante para o ser-se timorense.

Já no que se refere ao português, porém, o estudo mostra mudanças significativas, ecoando em parte o crescente investimento do país no ensino do português, língua que é hoje mais falada do que nunca em Timor-Leste.

Em 2002, por exemplo, só cerca de 50% dos jovens consideram a língua portuguesa como relativamente ou muito importante para se ser “verdadeiramente timorense”.

Hoje, entre estudantes do ensino superior – ainda que de uma nova geração -, mais de 54% dizem que é “muito importante” e 39.5% dizem que é relativamente importante para a formação da identidade nacional.

Mais de 90% consideram, por isso, que o português tem importância no ser-se timorense ainda que só 25% se identifiquem como próximo a Portugal, valor muito aquém da “proximidade” vista com a Indonésia (87.5%) e com a Austrália (78%).

Essencial para esta progressão tem sido, apesar dos solavancos, o investimento que Timor-Leste tem vindo a fazer na promoção da língua portuguesa, mas também o apoio de parceiros internacionais nesta matéria, nomeadamente Portugal.

Em 2002, por exemplo, menos de 3% dos alunos dizia ter um conhecimento fluente do português e 24% ter um conhecimento moderado, sendo que no ano passado o número dos com conhecimento fluente tinha aumentado para 15% e com conhecimento moderado para 61%.

Quase um terço dos timorenses diz mesmo que o português é uma das línguas que usa em casa, valor que era de apenas 11,5% em 2002. E apesar das dificuldades com o português, a maioria dos timorenses considera mais fácil a sua aprendizagem que a do inglês.

No que se refere ao tétum, são hoje menos os que se consideram fluentes na grande língua nacional (83,5% contra os 91,5% de 2002).

Leach explicou que o objetivo foi perceber as atitudes dos estudantes relativamente a temas como a nação e a identidade nacional, permitindo assim avaliar as mudanças verificadas e melhorar a compreensão sobre o processo de construção nacional em curso.

Entre as perguntas, o especialista em Timor-Leste – que coordena a Timor-Leste Studies Association (TLSA) – quis saber até que ponto é que a naturalidade, a cidadania, o tempo de vida no país, a religião, a língua, a tradição e as instituições são importantes no conceito de “ser timorense”.

Orgulho na forma como a democracia funciona no país, a cultura e a história e o tratamento dos vários setores da sociedade, fazem igualmente parte das questões colocadas.

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