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“La templanza” de María Dueñas

Ficha técnica

Título – La Templanza

Autora – María Dueñas

Editora – Editorial Planeta

Páginas – 504

Opinião

María Dueñas não é uma autora desconhecida para os portugueses. A sua obra de estreia – O tempo entre costuras – foi um sucesso editorial em ambos os países da Península Ibérica e eu sou apenas mais uma leitora que vibrou, devorou e adorou o ritmo vivíssimo da sua narrativa, o seu carácter histórico com travos de espionagem, os espaços que percorreu e, acima de tudo, a protagonista, o seu carisma, a sua determinação, a sua coragem e a sua capacidade para amar. Uma mulher de garra, do caraças e que ainda vive nas minhas “lembranças literárias”.

Infelizmente, com María Dueñas aconteceu aquilo que nenhum autor, de certeza, deseja que lhe aconteça – depois do estrondoso sucesso alcançado com a referida obra de estreia, as expectativas eram elevadíssimas e nenhuma das duas obras que se lhe seguiram foram suficientemente suculentas para que se pusesse na mesa uma comparação equitativa. Misión Olvido, publicada pela Porto Editora com o título Recomeçar, (opiniãoaqui) lê-se com bastante agrado, mas não me arrebatou como o seu antecessor. Sabia, por opiniões que fui lendo aqui e acolá que La Templanza, a sua terceira obra e ainda não traduzida para a nossa língua, tão-pouco oferecia uma narrativa efervescente e de leitura compulsiva. Porém, decidi dar-lhe uma oportunidade e incluí-la nas leituras deste mês todo dedicadinho à literatura espanhola. E não me arrependo.

Mauro Larrea é um “sel-made man”. Emigrou com dois filhos nos braços para o México quando este território era ainda uma colónia espanhola. Lá fez fortuna à custa de muito trabalho nas minas de prata, de muita ambição e de um olho certeiro para negócios proveitosos. Contudo, em meados de 1860, vê-se, de um dia para o outro, na falência. Com quarenta e sete anos, tem que começar tudo de novo e fá-lo como sempre fez – tomando riscos, pedindo dinheiro a um agiota sem qualquer tipo de escrúpulos, deixando para trás uma vida de opulência e embarcando numa viagem que o levará, primeiro, à ilha cubana e posteriormente à pátria-mãe. Em Havana, ganha num jogo de bilhar as escrituras de uma propriedade vinícola em Jerez de la Frontera, Espanha. O seu próximo passo é embarcar para o país que o viu nascer e tentar vendê-las e arrecadar dinheiro para se ver livre do sufoco financeiro em que se encontra. Porém, desta vez os seus planos não correm como esperava e ver-se-á frente a frente com alguém que o fará duvidar das suas certezas e questionar as suas mais imediatas prioridades.

Não me incomoda dizer que a narrativa de La Templanza, sobretudo a sua primeira parte, se desenrola a um ritmo algo lento, que algumas das peripécias e aventuras que aceleram esse ritmo na segunda parte são previsíveis e descabeladas. Mas também não me incomoda nada admitir que, por um lado, lhe perdoo essa falta de vivacidade e verosimilhança e que, por outro, não consegui ficar imune à rudeza, à personalidade brusca, direta de Mauro Larrea, um homem que combina na perfeição um passado de homem trabalhador, simples, de braços e tronco musculados com um presente de homem habituado a circular em ambientes requintados e ostentosos. Gostei muito do seu carácter e considero como tal que a autora, apesar de ter falhado em outros aspectos, conquista o leitor com a força e o carisma das personagens, principalmente de Mauro, Soledad, Manuel Ysasi, Santos Huesos ou Mariana. E que dizer daquele momento em que duas dessas personagens descem uma escadaria e uma delas sente, como não sentia há muito tempo, que a vida lhe volta a correr no sangue apenas porque toma a mão da outra, a coloca no seu braço e a ajuda a descer os degraus escorregadios? Intensidade absoluta que saiu das páginas do livro e se aninhou no íntimo desta leitora que se derrete com uma suculenta história de amor!

Depois de três obras publicadas, ainda não foi desta que María Dueñas regressou ao patamar que atingiu com a sua obra de estreia (que recomendo vivamente a todos – leiamO tempo entre costuras! Não se arrependerão!). Mas suspeito que o irá conseguir muito em breve, pois a sua escrita denota cuidado, enreda e capta o leitor e sabe como criar personagens empolgantes. Sei que acaba de publicar uma nova narrativa e que as opiniões são muito satisfatórias, mesmo daqueles leitores que, como eu, nunca a abandonaram. Quem sabe não a trago comigo quando der uma saltada a Espanha? Até lá, vou relembrando com carinho e um sorriso nos lábios a bela história de Mauro Larrea e continuar a dar a conhecer um pouco mais da literatura espanhola.

Termino agradecendo-te, Cristina. Tu sabes porquê!

NOTA – 08/10

Sinopse

Nada hacía suponer a Mauro Larrea que la fortuna que levantó tras años de tesón y arrojo se le derrumbaría con un estrepitoso revés. Ahogado por las deudas y la incertidumbre, apuesta sus últimos recursos en una temeraria jugada que abre ante él la oportunidad de resurgir. Hasta que la perturbadora Soledad Montalvo, esposa de un marchante de vinos londinense, entra en su vida envuelta en claroscuros para arrastrarle a un porvenir que jamás sospechó. De la joven república mexicana a la espléndida Habana colonial; de las Antillas al Jerez de la segunda mitad del XIX, cuando el comercio de sus vinos con Inglaterra convirtió la ciudad andaluza en un enclave cosmopolita y legendario. Por todos estos escenarios transita La Templanza, una novela que habla de glorias y derrotas, de minas de plata, intrigas de familia, viñas, bodegas y ciudades soberbias cuyo esplendor se desvaneció en el tiempo. Una historia de coraje ante las adversidades y de un destino alterado para siempre por la fuerza de una pasión./p>

in O sabor dos meus livros

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