Figueira da Foz vai ter primeira aquacultura de enguias da Península
Uma nova empresa de aquacultura de enguias, que está em fase final de construção na Figueira da Foz, começar a laborar em 2016 e quer tornar-se única na Península Ibérica pelo nível tecnológico que incorpora.
A produção de enguia “é um nicho de mercado” e que a opção pelo investimento de cerca de 12 milhões de euros na unidade da freguesia de Bom Sucesso resulta da enguia consumida em Portugal ser “toda importada”, disse o presidente do conselho de administração da FindFresh, Paulo Vaz.
“Um dos objetivos é substituir importações”, frisou.
A FindFresh tem como destino prioritário os restaurantes e prevê produzir 500 toneladas anuais de enguia “de superior qualidade”, querendo afastar a ideia da falta de qualidade das espécies produzidas em aquacultura.
Hoje, durante a visita à unidade da ministra da Agricultura e do Mar, Assunção Cristas, Paulo Vaz explicou o processo de produção das enguias, que começa com a compra, em Espanha, de meixão ou enguia em estado larvar (três quilos resultam numa tonelada de enguia adulta) cuja captura é proibida em Portugal, à exceção do rio Minho.
Sem acesso a crédito em Portugal, a empresa socorreu-se de oito milhões de euros de um fundo norueguês – país onde o setor da aquacultura é dos mais importantes na economia – além de 3,9 milhões de apoio comunitário do PROMAR e passou a incorporar tecnologias holandesas e dinamarquesas “do melhor que existe no norte da Europa, testadas desde há 30 anos”, o que permite à FindFresh possuir seguros de produção.
Hoje, durante a visita, o responsável da empresa explicou, entre outros pontos, que uma enguia no seu ambiente natural demora cerca de 6 anos a crescer, enquanto nos tanques da FindFresh e face à tecnologia utilizada, com a água – captada junto à empresa, no lugar de Lomba do Poço Frio, a 200 metros de profundidade – “a uma temperatura constante de 25 graus”, uma enguia demorará “só um ano a crescer”.
As instalações incluem um tanque de separação de enguias, para fazer face a uma especificidade da espécie: “a enguia, para além de ser carnívora, é canibal. Ao fim de quatro semanas, uma pode estar o dobro de outra e, por isso, têm de ser separadas frequentemente”, explicou.
Presente na visita, o autarca da Figueira da Foz, João Ataíde, enalteceu o investimento, frisando que é um dos maiores feitos de raiz no município, nos últimos anos.
“É um investimento significativo. Houve outros, de indústrias que já aqui estão sedeadas, mas de raiz é talvez aquele com mais expressão. É um investimento feliz porque vai ao encontro da nossa estratégia de desenvolvimento da aquicultura”, observou.