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Imigrantes cabo-verdianos enviam menos dinheiro para o arquipélago

© Lusa

Os imigrantes cabo-verdianos enviaram para o arquipélago quase 60 milhões de euros de remessas no primeiro trimestre deste ano, uma quebra homóloga de 8,5%, face a 2022, após consecutivos crescimentos.

De acordo com dados do mais recente relatório estatístico do Banco de Cabo Verde (BCV), essas remessas caíram de mais de 7.216 milhões de escudos (65,2 milhões de euros) nos primeiros três meses de 2022 para 6.602 milhões de escudos (59,6 milhões de euros) no mesmo período de 2023.

Tal como acontece desde 2020, os imigrantes cabo-verdianos nos Estados Unidos da América (EUA) lideraram no envio de remessas para o arquipélago, com quase 2.058 milhões de escudos (18,6 milhões de euros) no primeiro trimestre do ano, seguidos dos que trabalham em Portugal, com mais de 1.900 milhões de escudos (17,2 milhões de euros), e em França, com 1.371 milhões de escudos (12,4 milhões de euros).

A população de Cabo Verde ronda os 500 mil habitantes, mas o Governo estimou recentemente que mais de um milhão e meio de cabo-verdianos vivem na Europa e Estados Unidos da América (EUA), estando o sistema financeiro do arquipélago dependente das remessas desses imigrantes.

Com base nos dados anteriores do banco central, os imigrantes cabo-verdianos enviaram para o arquipélago um recorde de 29.984 milhões de escudos (272,2 milhões de euros) em 2022, um aumento de 15% face a 2021.

Essas remessas já tinham aumentado 30,6% em todo o ano de 2021, para o então recorde de 26.122 milhões de escudos (236 milhões de euros), segundo dados anteriores do BCV. Em todo o ano de 2020, os imigrantes cabo-verdianos enviaram remessas no valor de mais de 20.002 milhões de escudos (180 milhões de euros), que foi então um novo recorde, aumentando praticamente 3,5% face ao ano anterior.

Entretanto, o Banco de Cabo Verde apontou em maio passado que espera este ano uma “moderação” no envio de remessas dos imigrantes, após o recorde de 2022 e tendo em conta a inflação nos países de origem.

Nos alertas que constam do Relatório de Política Monetário de abril, divulgado no início de maio, o BCV refere que “a inflação alta e as condições mais restritivas de financiamento”, no crédito para consumo, juntamente com “a retirada de algumas das medidas do Governo para mitigar” os efeitos da alta dos preços, “poderão condicionar a evolução do consumo privado ao longo de 2023”.

Prevê-se assim “um abrandamento no ritmo de crescimento face a 2022”, bem como “a moderação na entrada de remessas dos imigrantes (face ao potencial efeito negativo da alta inflação no rendimento disponível real dos imigrantes)”, lê-se no documento, de análise semestral.

O envio de remessas dos imigrantes cabo-verdianos para o arquipélago quase duplicou desde o início da pandemia de covid-19, tendo o primeiro-ministro afirmado no final de abril, no parlamento, tratar-se de um “sinal de confiança” no país.

“As comunidades cabo verdianas radicadas amplificam a dimensão do território nacional, quer do ponto de vista do mercado, do capital humano, da preservação da cabo-verdianidade, da cultura e da afirmação e projeção de Cabo Verde no mundo”, disse em 26 de abril Ulisses Correia e Silva, durante o debate mensal no parlamento, este dedicado à diáspora.

“Nestes períodos difíceis de crises mundiais as remessas em divisas cresceram. Cresceram, passando de 18 milhões de contos [18 mil milhões de escudos, 162 milhões de euros] em 2019 para 30 milhões de contos [30 mil milhões de escudos, 270 milhões de euros] em 2022. Isto representa confiança no país, solidariedade e investimento”, afirmou o chefe do Governo.

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