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Diáspora açoriana nos EUA dá filme

“Esse Mundo Fora do Mundo” é o título de um documentário da Associação Cultural Burra de Milho, da ilha Terceira, sobre a forma como a comunidade açoriana de Nova Inglaterra, nos Estados Unidos, se mantém ligada às raízes.

“Há um conjunto de entidades que promove e defende a língua e a cultura portuguesa e, em torno dessas associações e dos eventos que vão organizando, mantém-se a união, a ligação à terra e a língua”, adiantou, em declarações à Lusa, o presidente da Burra de Milho e realizador do documentário, Miguel Costa.

O primeiro trabalho de Miguel Costa como realizador estreou-se no sábado em Angra do Heroísmo e deverá ser apresentado também nos Estados Unidos da América (EUA), onde foi rodado em 2015 e 2016, mas por enquanto não há datas marcadas.

A ideia de retratar esta comunidade em documentário surgiu numa visita à Nova Inglaterra, no âmbito da divulgação da mostra de cinema açoriano Amostram´isse.

“Ficámos surpreendidos e admirados pela dimensão da rede de contactos e com a intensidade com que as pessoas queriam ajudar a promover tudo o que era relacionado com a sua terra. Ouvimos histórias dessas, mas ver acontecer realmente foi diferente. Ficámos com a ideia de um dia produzir algo em torno daquelas comunidades”, revelou Miguel Costa.

O documentário foca-se num grupo de “dinamizadores e de responsáveis por grupos de cariz cultural, ligados a universidades e a cargos de chefia e responsabilidade política, que acabam por ser os líderes da comunidade”.

“O que achamos interessante foi captar a perspetiva deles sobre o grupo em geral. Como é que as pessoas se davam entre as várias comunidades dentro da própria comunidade, qual era o espírito de solidariedade, até que ponto havia uma troca de contactos e qual a influência na própria economia da região, para perceber qual seria o poder da comunidade como um todo na área financeira e dos negócios”, salientou o realizador.

Numa região com forte presença de emigrantes açorianos, a ligação à terra de origem mantém-se viva, sobretudo através de iniciativas promovidas por associações de cariz cultural e através das escolas que ensinam português.

“O Espírito Santo continua a ter um poder enorme na agregação destas várias comunidades”, destacou Miguel Costa.

Questionado sobre a passagem desse testemunho para as gerações mais novas, de filhos e netos de emigrantes, o presidente da Burra de Milho disse que o tema dava outro documentário, mas mostrou-se confiante.

“Acho que já foi mais urgente, já tiveram mais receio de as gerações mais novas não ligarem [às raízes] do que hoje em dia. Acho que há um certo espírito de esperança e de renovação, que acaba por surgir com estas novas gerações que têm interesse. Portugal e os Açores já são mais atraentes”, afirmou, alegando que atualmente já há perspetivas de negócios ou de residência no país dos pais e dos avós.

A escola portuguesa “continua a ser a grande ligação às futuras gerações”, mas Miguel Costa admitiu que se discute na comunidade a possibilidade de adaptarem algumas atividades, utilizando a língua inglesa, para despertar a atenção dos mais jovens.

“Pessoalmente, sinto que existe esta esperança junto destas comunidades. Por outro lado, muitos assumem que as famílias estão completamente enraizadas nos Estados Unidos. Os filhos, os netos, todos falam inglês, todos trabalham lá, todos têm os seus amigos e os seus núcleos, por isso, é realmente algo complicado”, apontou.

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