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Comunidade portuguesa na Grécia convocada para conviver com Marcelo

A comunidade portuguesa na Grécia está a ser convocada pela embaixada para uma receção na segunda-feira em Atenas onde estará presente Marcelo Rebelo de Sousa, no primeiro dia da sua deslocação oficial a convite do seu homólogo helénico.

Ao contrário das principais comunidades portuguesas no estrangeiro, os residentes no país do sul dos Balcãs têm características muito próprias, sublinha Maria da Piedade Maniatoglou, 61 anos, que nasceu no Porto, cresceu em Lisboa e se fixou há mais de quatro décadas em Atenas.

“A comunidade portuguesa é irrelevante se comparada com outros países, e as características são muito específicas. São pessoas vêm para cá porque geralmente casam com um grego ou uma grega, e não à procura de trabalho. Há pessoas que também vêm com comissões de serviço de empresas ou de interesses nacionais portugueses, ou de multinacionais, estão cá alguns anos e depois partem. Os portugueses cá radicados são relativamente poucos”, explica.

De acordo com a secção consular da embaixada de Portugal em Atenas, a comunidade portuguesa inclui 600 pessoas, incluindo lusodescendentes. Uma estatística onde se incluem os seus dois filhos com dupla nacionalidade, também garantida por Maria de Fátima e pelo seu marido, de origem grega.

Conheceram-se em 1974, quando viajou para a Grécia a convite da sua atual cunhada, com quem se correspondia. Ficou em casa dos pais da sua amiga, na capital grega, conheceu o irmão, começaram a namorar, e casaram. Foram avós há cerca de ano e atualmente vivem no distrito de Moschato, a meio caminho entre o centro de Atenas e o porto do Pireu.

A vista do Presidente da República à Grécia está a ser recebida com alguma expectativa por Maria da Piedade, dirigente da Associação cultural para os portugueses na Grécia, em fase de reformulação.

A informação oficial da visita presidencial foi feita na segunda-feira, através de um email da embaixada e terá lugar dia 12, segunda-feira, no Hotel Grande Bretagne, em plena Praça da Constituição (Praça Syntagma) e mesmo ao lado do parlamento, antigo Palácio Real.

“Os portugueses que aqui vivem e estejam menos atentos ao que se passa no país se calhar ainda nem sabiam desta visita. Falo com várias pessoas, mas não mantemos contactos muito assíduos”, assinala.

As atividades da Associação cultural para os portugueses na Grécia deverá ser um dos temas de conversa durante o convívio de segunda-feira. De momento, estão numa fase de reformulação e preparam novas eleições para a direção. Não possuem sede e há alguns anos que os membros deixaram de pagar quotas, devido à situação económica do país e pelo reduzido número de atividades, como explica.

“Na associação, geralmente encontramo-nos por ocasião do 10 de junho, organizamos um almoço ou jantar, uma celebração semelhante por altura do magusto, onde também levamos castanhas, um vinho do Porto”, assinala.

“Nos dois últimos anos, em associação com a nossa embaixada, a embaixada do Brasil, e no segundo ano já com a embaixada de Angola, fizemos em conjunto uma jornada de comemoração do dia da língua portuguesa”.

Maria de Fátima é também responsável por um exaustivo projeto que aproximou os dois povos que habitam nas duas extremidades da Europa. Há cerca de dois anos concluiu um dicionário de Grego-Português e Português-Grego, já editados em Portugal.

Atualmente, continua a trabalhar em traduções, “mas não num regime intenso”.

Ao referir-se à situação na Grécia nos últimos três anos, após a subida ao poder do partido de esquerda Syriza em 2015, diz sentir um “sentimento de desilusão” na sociedade grega, mas assegura que desde o início não alimentou demasiadas expectativas.

Maria da Piedade tem votado regulamente nos atos eleitorais na Grécia, devido ao seu estatuto de dupla nacionalidade. E tenciona continuar a votar, e quando as projeções para as eleições gerais de 2019 apontam, de momento, para um recuo do Syriza e um possível regresso ao poder da Nova Democracia, um dos partidos tradicionais da política grega desde o regresso da democracia, em 1974. Também o ano do 25 de Abril em Portugal.

E foi em 1974, quando terminou o liceu, que viajou pela primeira vez para um país do “outro lado” da Europa, onde decidiu permanecer.

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