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Arraia-Miúda, a minha condecoração

© Lusa

Vivo parte dos meus dias preocupado com a euforia do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ante o que bule português, e aquilo que são os imensos portugais, na sua própria expressão.

O afã do Presidente da República a condecorar tutti quanti é uma coisa que me incomoda que deus-mo-livre. Ele repete condecorações, como o “enfermeiro Luís, do Porto”, que tratou Boris Johnson – Primeiro-Ministro do Reino Unido, quando esteve internado com cobid num hospital do seu país, onde o enfermeiro Luís trabalha porque teve de emigrar. Johnson ao tempo, muito justamente, agradeceu ao enfermeiro Luís. Ponto. Marcelo de imediato, condecorou-o e voltou a fazê-lo no dia 10 de Junho. 

O professor Marcelo vive obcecado ao delírio por condecorar tudo e todos. É injusto não prever a morte de alguém, para, também aí, botar comendadura e discurso entusiasmado.

Enquanto o país definha, as urgências e alguns serviços de vários hospitais do país são decrépitos a degradar ao limite todos os dias, de modo catastrófico como a Comunicação Social mostra, o Aeroporto de Lisboa recebe quem nos visita como diz Mia Couto, “como quem trata gado” (e o gado, os animais merecem-nos tratamentos muito especiais, mas isso é outra lavra), o professor Marcelo salta pelo país, todo eufórico, a assobiar em marchas populares, ao beijinhos com selfies a esmo e a distribuir medalhas. Não é nada. A saturação dos serviços hospitalares, também no Algarve, acredita ele que não vão afectar o contingente de Verão.

– Eu adorava ver tudo como Marcelo Rebelo de Sousa. Tudo está bem. Mas se não está, logo fica.

Andava eu muito preocupado pelo facto do Presidente ainda não ter condecorado o restantes dos dez milhões de portugueses. Preocupado com a injustiça, a discriminação. Eu mesmo não fora condecorado. Não quero e fico ofendido que me condecore. Mas também sou português.

No dia 10 de Junho o Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, condecorou-nos:

– Arraia-Miúda. Ou mesmo “a raia miúda” como dizia a RTP imediatamente à consumação do facto.

Mário Adão Magalhães

PS: No dia em que escrevo, no Hospital Sra. da Oliveira, em Guimarães, onde estou hospitalizado, houve greve por parte dos serviços de cozinha e distribuição da mesma. Conto depois, se puder.

(Não pratico deliberadamente o chamado Acordo Ortográfico)

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