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Amândio, o “professor de português” de Bruxelas

Um embaixador ‘acidental’ da língua portuguesa em Bruxelas é como se pode caracterizar Amândio Vilela, por há um ano dinamizar mesas informais e gratuitas de conversação em português, com a participação, em média, de 10 a 15 pessoas.

Como recém-chegado a uma cidade, o jovem luso decidiu procurar atividades e, no Facebook, encontrou a “portuguese conversation table’ (mesa de conversação em português) num bar. Inicialmente desvalorizou por achar que era um grupo de nativos do português, mas ao ler os comentários notou a diversidade de nomes estrangeiros e a curiosidade levou a melhor.

“Uma vez lá, vi muitos mais participantes do que eu me imaginava, 15 aproximadamente”, relata à agência Lusa o ‘freelancer’ no ramo de interpretação e administração, que notou que cada um desses participantes tinha uma razão para praticar a língua e que variavam desde o trabalho, estudos ou estágios em Portugal até uma relação amorosa.

A iniciativa foi criada pela espanhola Maria-Luísa, com a motivação de praticar a língua fora das horas das aulas, e que acabou por ser acompanhada pelos seus companheiros de curso.

Logo na primeira visita à mesa, Amândio foi convidado pela ‘fundadora’ a integrar a organização, o que só se efetivou na terceira participação. E agora contam-se 12 meses destas mesas divulgadas sobretudo no Facebook e no ‘couchsurfing’.

“É um evento de acesso bastante simples, sem inscrições, nem pagamentos de nenhum tipo o que faz com que tenhamos mais participantes”, nota o jovem, estimando que, na mesa de português, os participantes sejam em média 10/15, enquanto na mesa de francês a média é de 25 e na mesa de polaco o número é de cinco.

É que da língua portuguesa evoluiu-se para mais dois idiomas. Tudo por interesse do próprio Amândio, depois de uma espécie de troca: os francófonos ajudavam-no no francês. A chegada do polaco deveu-se aos interessadoss que surgiram e pelo “fascínio muito forte pela cultura” da Polónia, onde o freelancer português viveu ano e meio.

Nas suas memórias, Amândio Vilela guarda já, entre muitos outros, um alemão que aprendeu português “só pela beleza da língua”, um francês que quis honrar as origens dos seus avós e um belga, que “após um amor brasileiro encontrou Portugal”.

Também há o caso de uma polaca que tentou estagiar em Espanha e acabou no país ao lado, conquistada pela “magia do fado e o acolhimento”, enquanto uma romena “não resistiu aos encantos do Porto” e uma russa iniciou-se na dança de forró brasileiro e acabou apaixonada pela cultura lusa.

“A lista é bastante longa e diversa e eu não consigo explicar o orgulho e alegria que me dá conhecer cada um destes casos”, admite à Lusa, aproveitando para, a mais de dois mil quilómetros de distância, recordar como Portugal “é muito lindo e rico em cultura e historia”.

“Somos um povo que vive na sombra do esquecimento. Não há muita gente que nos considere importantes ou interessantes. Até mesmo certos portugueses compartilham esta ideia. Mas apesar da vida não ser fácil devido a economia, esta cultura lusa tem muitos elementos sem preço!”, conclui Amândio, que caracteriza a portugalidade como uma “caixa de Pandora” e garante que quem se atreve a abri-la “recebe uma experiência inesquecível que nunca poderia ter imaginado”.

Para o futuro, o jovem não tem muitas certezas, mas sabe que “quando mudar de país” vai tentar continuar o projeto. Por enquanto, pode ser encontrado numa mesa de conversação de português na Bélgica.

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