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A qualidade da aterragem depende mesmo do piloto?

Se costuma viajar de avião, possivelmente já passou por uma aterragem menos boa ou mais abrupta. Não é uma sensação particularmente reconfortante – mas será ela o reflexo de um mau piloto?

«Não há como negar que a maioria do trabalho durante um voo é feita pelo piloto automático», disse Sam Bray, piloto da Monarch, citado pelo site Volta ao Mundo. «Num voo regular, o piloto automático faz cerca de 90 por cento do voo». A descolagem e a aterragem são os momentos que exigem, de longe, a maior atenção por parte do piloto.

Portanto, uma boa aterragem reflete a habilidade de um piloto, de acordo com Joe D’Eon, um ex-comandante, que afirma: «Se quiser dizer algo simpático a um piloto quando está a sair do avião, diga ‘boa aterragem!’. Nós gostamos de ouvir isso por parte dos passageiros».

E como funciona a aterragem? Depois de fazer todos os cálculos em relação à sua velocidade (muito rápido – mau; muito lento – mau) e altitude, é altura do «flare» (quando o avião deixa a trajetória de descida e passa a voar rente à pista em linha reta, sem motor), que é o mais importante.

«A manobra de aterragem começa com o flare», conta Mark Vanhoenacker, co-piloto da British Airways e autor do livro How to Land a Plane. «As técnicas variam, mas geralmente, quando o avião está em flare, o piloto aponta o nariz um pouco para cima enquanto começa a reduzir a força. Subir o nariz reduz a taxa de descida, permitindo que aterre de forma ligeira na pista. O flare é uma manobra difícil e que os pilotos continuam a ir refinando ao longo de suas carreiras».

A perspetiva de que uma boa aterragem tem de ser suave é, no entanto, um mito. «Uma aterragem firme é, se for caso disso, preferível a uma mais suave se a pista for curta, estiver molhada ou coberta de neve, ou se estiver muito vento», conta Mark Vanhoenacker. «Como diz nos poderosos manuais do 747: ‘Uma aterragem suave não é o critério para uma aterragem segura’».

Patrick Smith, piloto dos Estados Unidos e autor do Cockpit Confidential, concorda: «Embora os passageiros liguem muito à suavidade de uma aterragem, isso dificilmente é uma referência precisa da habilidade de um piloto. Uma aterragem firme ou «torta» normalmente é aquela para a qual o piloto está a apontar. Em pistas de curta distância, a prioridade é conseguir colocar o avião de forma segura no chão dentro da zona de aterragem, sem ligar ao facto de ser ou não suave».

Na verdade, os pilotos adoram uma aterragem complicada. O Telegraph Travel questionou vários pilotos sobre os seus aeroportos favoritos onde aterraram no ano passado. Nápoles, Madeira, Innsbruck e Gibraltar foram os mais escolhidos – e todos têm uma coisa em comum: estão entre os mais difíceis da Europa, e os pilotos necessitam de treino especial antes que possam enfrentá-los.
Devemos bater palmas depois de uma aterragem bem-sucedida?

«Aplaudir depois de uma aterragem ainda está tão generalizado como no final dos anos 70 e início dos anos 80», de acordo com o Patrick Smith, acrescentando que, para a maioria dos pilotos, já não é propriamente uma novidade».

«E é de notar que, quando acontece, é um fenómeno apenas da classe económica», diz ele. Não por razões socioeconómicas, mas sim pelo facto de estarem mais pessoas sentadas próximas umas das outras, o que gera um certo «espírito de comunhão».

Mas um piloto gosta de um bom aplauso? Sim. «É sempre apreciado».

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