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A família quer a criança

Em Portugal somos assim mesmo, ou mesmo assim:

Somos tão bons, tão solidários que acabámos por cair em logros tais como as imensas generosidade e solidariedade que mostrámos pelos fogos de 2017 e 2018 de que já (aqui) dei nota. Não sem eu ter sugerido que se fizesse os donativos pelo caminho mais estreito. Que passasse pelo menor número de mãos possível. Aconteceu uma coisa que me dá muita urticária: ter razão. Não suporto ter razão.

Mais recentemente no caso da pequenina Matilde onde, por fim o Estado veio meter o carro à frente dos bois, depois dos portugueses disponibilizarem mais de dois milhões de euros num instante e por fim, ainda que se não percam: “vão para outras Matildes”. Mas o Estado não perdeu a oportunidade de vir beliscar, macular as nossas solidariedade e generosidade – desafinar um pouco, desestabilizar para que futuramente não respondamos com tanta eficácia a este tipo de chamadas.

De novo com o carro à frente dos bois, no caso do bebé deixado no lixo, o Estado veio exemplarmente, é facto, cuidar de fugir a todas as burocracias habituais, que não haja sombra de dúvidas, era, antes do seguinte, o melhor procedimento para o bebé, mas não era preciso ir a Coimbra para discernir – a mim, por sinal, ocorreu-me, que a família poderia aparecer a reclamar tão justamente a custódia do nobre infante.

Na ânsia de mostrar atenção, dinamismo e eficácia, o Estado não cuidou de procurar, encontrar – esperar pela família. Antes: sem mais senãos encarcerou a mãe. Na altura escrevi disso. Não quis verificar a montante nem a jusante o que levara a mãe da criança ter o propósito de a colocar no lixo.

Posso abrir aqui um parêntese (quantos casos mais não hão-de haver sem que alguém os descubra no lixo e noutros vários locais. E o parêntese fecha aqui), podendo ser reaberto.

Agora, muito legitimamente, aparece a família a reclamar a custódia da criancinha depois de a ter entregue a uma família – que não duvido dela cuidasse muito, muito bem, nem discordo da celeridade do processo, mas que veio culminar nisto:

A avó, a família quer a criança.

(Não pratico deliberadamente o chamado Acordo Ortográfico).

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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