Longe de mim e dos barulhos do mundo
Sento-me deliberado no altar onde os espelhos se deitam
Desço como ao fundo do meu estar e do meu ser
lambuzo-me com a ambrósia mentirosa
a aurora e o crepúsculo
como amantes que voltam a encontrar-se
espojam-se ledos sobre mim
e despojam-me do meu corpo
muralha balofa e estafada
da minha alma que se escapa
numa estranha neblina adocicada
do meu cachimbo da paz
– isto não é um cachimbo!
– isto não é um broche!
vénuses vinde em canções delirantes
cometer delitos com a minha carne
pousar no meu rosto dormente
riscado por néons inexistentes
no céu translúcido dançam sóis bêbedos
eu tento escapar por um túnel de nuvens
que me aspiram como se me extirpasse
do ventre de minha mãe
Tudo em mim é mariposa psicadélica
Rancoroso anjo apocalíptico
Ícaro voando além da deliquescência
Pôr-do-sol finalmente esfarinhando-se em pó noutros aléms.
JLC22022018
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Erosion
Loin de moi-même et du vacarme du monde
Sciemment assis sur l’autel où se couchent les miroirs je
Descends au fond de mon paraître et de mon être
je me goinfre avec l’ambroisie trompeuse
l’aurore et le crépuscule
comme des amants se retrouvant
se vautrent sur moi avec joie
et s’accaparent mon corps
rempart bouffi et éreinté
de mon âme qui s’échappe
dans le brouillard sucré
de mon calumet de la paix
– ceci n’est pas un calumet!
– ceci n’est pas une pipe!
oh Vénus venaient en de délirantes chansons
commettre des délits avec ma chair
vous poser sur mon visage endormi
et rayé par des néons inexistants
dans le ciel translucide dansent des soleils enivrés
j’essaye de m’enfuir par un tunnel fait de nuages
qui m’aspirent comme se je m’extirpais
du ventre de ma mère
Tout en moi est papillon psychédélique
Rageur ange apocalytique
Icare s’envolant au-delà de la déliquescence
Pour finalement réduire en poudre le couchant en d’autres paradis.
JLC22022018