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Tudo fingimento

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Catarina Martins e Jerónimo de Sousa criticam António Costa, que só é primeiro-ministro porque o BE e o PCP apoiam o PS no Governo, apesar de derrotado nas urnas. As coisas são assim. Tudo fingimento, encenação, um imenso faz-de-conta. O poder é o cimento. E manter na Oposição a coligação de centro-direita que venceu as eleições, a única motivação.

O BE critica o Governo “por falta de investimento na saúde”, “por controlar o défice com congelamento de despesa no SNS”, “por deixar os professores de fora no descongelamento das progressões”, “por causa dos cortes na cultura”; o PCP critica o Governo “amarrado ao défice que impede investimento público”, “pelo aumento generalizado de preços”, “por não reconhecer a Assembleia Nacional Constituinte Venezuelana”. Os títulos germinam em jornais, num divórcio simulado que convém com eleições à porta já em 2019. É preciso que o povo pense que os arremedos de indignação são para levar a sério e fazem alguma diferença, enquanto o que importa realmente é que tudo possa continuar na mesma.

A comunicação encenada garante doses regulares de aparente tensão, a par de manifestações de acerto sobre os “grandes temas” que realmente interessam à Esquerda, para triste evidência das prioridades, todas trocadas.

Do lado dos consensos, PS, BE, PEV e PAN, com a abstenção conveniente do PCP, fazem saber que aprovarão a iniciativa legislativa que permitirá que menores de 16 anos “alterem o género” no cartão de cidadão, sem necessidade de parecer médico. Ou seja, será o Estado a autorizar o que, porventura, a psiquiatria desaconselharia, numa mudança que a realidade simplesmente impede, ponderado que a condição de “masculino” ou “feminino” se define por cromossomas “XY”, ou “XX” e não por despacho da Direção-Geral dos Registos e Notariado.

Em compensação, a família de um sargento-ajudante morto num ataque terrorista no Mali, enquanto integrava um contingente militar da UE, com a bandeira portuguesa ao peito, aguarda há nove meses pela atribuição da pensão de sangue a que tem direito. Já sobre isto, nem pressa, nem assomo de indignação.

Finalmente há o estilo. De cada vez que surgem problemas, o primeiro-ministro está fora, ou finge-se de morto. Incêndios, furto de armas dos quartéis, exemplos são muitos. No mais recente, a propósito dos protestos na cultura, “fonte” do Governo fez saber que António Costa ficou “surpreendido”. Ato contínuo, o secretário de Estado do Cultura comentou que o primeiro-ministro não pode ter ficado surpreendido porque estava “a par” de tudo”.

Uma risota. E assim vamos.

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