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Teatro Nacional D. Maria II estreia “Sopro” em França

© José Marques

“Sopro”, sobre uma mulher que trabalha como ponto, é a peça que Teatro Nacional D.Maria II vai estrear na 71.ª edição do Festival de Avignon, em França, que começa a 7 de julho.

Da autoria de Tiago Rodrigues, diretor do D.Maria II, esta é a segunda participação deste teatro nacional no Festival de Avignon, mas a primeira com uma estreia no certame, depois da apresentação, em 2015, de “António e Cleópatra”, também de Tiago Rodrigues.

“Sopro”, que estará em cena no Cloître des Carmes até 16 de julho, subirá depois, no final do ano, ao palco do Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa.

O lugar de partida de “Sopro” é a imagem de uma mulher nas ruínas de um teatro, onde trabalhou como ponto durante toda a vida. “No meio dos escombros, ela ‘sopra’ histórias. Algumas aconteceram em palco e outras nos bastidores, algumas parecem reais e outras ficcionais. Não sabemos quais são o quê. Ela própria, que as ‘sopra’, acaba por misturar cenas de peças com cenas da vida real. A sua memória não as distingue”, refere a apresentação da peça, pelo Teatro Nacional. “Sopro” é também uma história de “histórias de amor, de intriga, de trabalho, de política, de vingança, de solidão, de amizade, e todas passadas num teatro”.

Cristina Vidal, que trabalha como ponto no D.Maria II há mais de 25 anos, é a protagonista da peça, estando acompanhada em palco por atores e “fantasmas”. Vidal é “a guardiã de uma profissão em vias de extinção e irá evocar as histórias, reais e ficcionais de um teatro agora em ruínas”, escreve o teatro nacional, na apresentação da obra.

“Que teatro habita a sua imaginação e a sua memória? Que mundo nos pode dar a ver usando apenas o seu sopro invisível?” “O que aconteceria se um teatro se desmoronasse e, nos seus escombros, só encontrássemos um sobrevivente: o ponto?” –, eis algumas das questões levantadas na peça.

O espetáculo tem ainda interpretação de Beatriz Brás, Isabel Abreu, João Pedro Vaz, Sofia Dias e Vitor Roriz. Trata-se de uma coprodução Festival d’Avignon, Théâtre de la Bastille, Le Parvis – Scène Nationale Tarbes Pyrénées, Terres de Paroles – Seine Maritime – Normandie, ExtraPôle Provence-Alpes-Côte d’Azur, em França, e com o Teatro Viriato, em Viseu.

Com cenografia e desenho de luz de Thomas Walgrave e produção do Teatro Nacional D. Maria II, esta peça, segundo Tiago Rodrigues, decorre do facto de ter sido nomeado diretor do D. Maria II, no início de 2015, e por, na altura, com trabalho feito numa companhia independente, não saber da utilidade a dar aos pontos.

Na altura, recorda o encenador, havia dois pontos profissionais no D.Maria II, Cristina Vidal e João Coelho, os últimos em Portugal.

Para Tiago Rodrigues, a presença de Cristina Vidal nos ensaios “tem algo da solenidade rigorosa de um samurai da palavra e também da sabedoria de quem já trabalhou com atores de todos os estilos, idades e temperamentos”. Cristina Vidal rapidamente se tornou assim numa “presença indispensável” para Tiago Rodrigues.

“Com ela, aprendi que o ponto não é apenas esse burocrata dos bastidores que obriga à fidelidade do texto, que socorre as falhas de memória ou corrige as adulterações ao original. O ponto é um cúmplice dos atores, nos seus momentos de perfeição e, sobretudo, nos de imperfeição. Conhece-os, adapta-se a eles, aprende a respirar ao mesmo ritmo que eles. O ponto é também um advogado do autor e um conselheiro do encenador”, sublinha Tiago Rodrigues.

Nesta edição do Festival de Avignon, será ainda apresentada uma outra peça de Tiago Rodrigues, “Tristeza e alegria na vida das girafas”, com encenação de Thomas Quillardet, estreada em 2011 no Grande Auditório da Culturgest, em Lisboa.

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