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Salários dos dirigentes de empresas portuguesas “são chocantes”

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A Comissão Nacional Justiça e Paz, estrutura da Igreja Católica portuguesa, afirma em comunicado que os salários dos dirigentes das empresas “são chocantes”, disse que “contrastam” com os níveis salariais mínimos e médios e denunciou o acentuar dessa diferença no período da crise económica.

“São chocantes os muito elevados níveis salariais dos dirigentes de topo das maiores empresas portuguesas, que rivalizam com os de outros países europeus mais ricos, sobretudo porque contrastam com níveis salariais mínimos e médios muito inferiores aos desses países”, afirma o organismo da Conferência Episcopal Portuguesa.

Numa nota divulgada hoje, a Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP) defende que a diferença entre os salário mais elevados e a média das remunerações mais baixas deve ser “atenuado sobretudo através do aumento desses níveis salariais mínimos e médios”.

A CNJP manifesta a sua “indignação” pela “chocante desigualdade” e apela a que ela “seja corrigida”, referindo que a indignação é maior pelo facto da a “disparidade” os salários dos dirigentes de topo das maiores empresas portuguesas e o nível dos salários médio e mínimo dos trabalhadores dessas empresas se ter acentuado no período da crise económica e financeira.

“Entre 2010 e 2017, os salários desses dirigentes [das maiores empresas, ndr] subiram cerca de 50%, quando o salário médio desses trabalhadores desceu cerca de 6% (ver Expresso de 29/10/2018)”, refere a CNJP.

“Esta situação vem confirmar e agravar a mais geral desigualdade de rendimentos que caracteriza a sociedade portuguesa. Revela uma particular injustiça diante dos sacrifícios por que muitos passaram durante o período dessa crise e de que ainda hoje não recuperaram”, acrescenta.

O organismo laical da Igreja Católica em Portugal lembra que tem dado atenção à temática da “desigualdade de rendimentos em Portugal”, nomeadamente numa conferência sobre o tema “Sociedade Desigual ou Sociedade Fraterna?” e afirma que assim a sociedade portuguesa “se afasta de um modelo de sociedade justa, coesa e fraterna”.

A CNJP denuncia também as situações em que, dentro da mesma empresa, se verificam “tão grandes disparidades salariais” e afirma que uma empresa é uma “comunidade de pessoas, unidas em torno de propósitos que deveriam ser, em larga medida, comuns”.

“O sentimento de pertença a uma comunidade, a comunidade nacional ou a comunidade da empresa, muito se enfraquece em face dessas desigualdades”, acrescenta a CNJP.

A Comissão Nacional Justiça e Paz acrescentam que as “desigualdades salariais a que assistimos nas maiores empresas portuguesas vão muito para além do que poderia justificar o incentivo ou a recompensa do mérito”.

“De um modo geral, os salários dos dirigentes do topo não dependem estritamente do sucesso da empresa e mantêm-se mesmo quando não se verifica esse sucesso”, afirma a nota, referindo que o sucesso “nunca depende unicamente do trabalho dos seus dirigentes, mas de um trabalho de equipa onde todos desempenham o seu papel”.

“Também a cada um dos trabalhadores são devidos o incentivo e a recompensa”, acrescenta a Comissão Nacional Justiça e Paz.

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